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About a (Badly Drawn) boy

24.11.06

por Braulio Lorentz

Badly Drawn Boy, Born In The UK

(EMI, 2006)

Top 3: “Born In The UKâ€, “Welcome to the Overground†e “Degrees of Separationâ€.

Princípio Ativo:
Nostalgia

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O lançamento do quinto disco do inglês Damon Gough, mais conhecido pela alcunha Badly Drawn Boy, é uma boa desculpa para descobrir ou redescobrir os CDs anteriores do cara – com destaque para a estréia The Hour of Bewilderbeast, de 2000. Desde seu debut, a idéia era lançar cinco discos em cinco anos. Em 2005, ele chegou a começar os trabalhos com o renomado Stephen Street, que tem Blur e The Smiths no currículo, mas abandonou o esboço de álbum. “Stephen era brilhante, mas as coisas inexplicavelmente não deram certo. É como se nossas estrelas não tivessem se alinhadoâ€, explica Gough, em seu site.

Em Born In The UK, clara citação ao Born In The USA, de Bruce Springsteen, a melancolia dá as caras do primeiro ao último acorde. A idéia do garoto mal desenhado é simples: gravar um álbum com canções que narram sua vida, sobretudo a infância. Quando mais jovem, Gough provavelmente colava pôsteres de David Bowie na parede de seu quarto. O camaleão surge no arranjo de “Welcome to the Overground†e na letra da faixa-título. As duas, junto com a encantadora “Degrees of Separationâ€, formam a melhor seqüência do álbum. Em seguida, vem a apenas bonitinha “A Journey From A to Bâ€, que traz em sua letra a máxima “Falar muito sobre memórias/ É um baita desperdício de energiaâ€, que contraria a proposta do disco.

As letras nitidamente se sobressaem às melodias. Mas mesmo assim, seria maldade afirmar que Badly Drawn Boy deveria ter lançado um blog ou um livro, em vez de um disco, para expor suas lembranças. As letras são bonitas e têm cheiro de mamão amassadinho com açúcar. As canções em sua maioria não se arriscam, ficam engatinhando entre pianos e fofices do quilate de dar um anel de diamante (“Promiseâ€) e falar sobre sol, folhas e a sensação de que “não há diferença entre viver e sonhar†(“Walk You Home Tonightâ€). “The Way Things Used To Be†e “The Long Way Round†poderiam estar na programação da rádio Antena 1 ou no iPod de algum indiezinho.

Se comparadas às suas canções que embalaram a vida de outro (grande) garoto, fica fácil constatar que a ternura da trilha do filme estrelado por Hugh Grant dá lugar à nostalgia. É ela que se destaca no primeiro single, “Nothing’s Gonna Change Your Mindâ€, em “Our Last Dance†e em muitas outras. Para a trilha do filme “About a Boyâ€, baseado no livro homônimo de Nick Hornby, o baladeiro inglês compôs músicas que colocavam sorriso em canto de boca. A tentativa agora é colocar lágrima em canto de olho. Comigo não rolou. Mas não foi por muito.

Entre uma reminiscência e outra, sempre haverá a pausa pro cigarro

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