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Catch me if you can

10.05.07

por Daniel Oliveira

Um crime de mestre

(Fracture, EUA, 2007)

Dir.: Gregory Hoblit
Elenco: Ryan Gosling, Anthony Hopkins, David Strathairn, Rosamund Pike, Cliff Curtis, Embeth Davidtz

Princípio Ativo:
Hopkins, Gosling, Goblit e inteligência

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Atores indicados ao Oscar em papéis bem desenvolvidos e diálogos bem escritos. Edição inteligente, com propósito e ritmo envolvente. Fotografia bem cuidada, colaborando com o diretor na condução da história. Nós realmente estamos falando de um filme lançado em maio? Sim.

Entenda uma coisa: jornalistas não têm uma crise de mau humor no período entre março-maio e saem falando mal de tudo quanto é filme. É que Hollywood vive de fases e essa é a fase em que são despejadas as porcarias que não vão: 1- dar dinheiro nas férias de junho-agosto; 2- nem render premiações na temporada de Oscar novembro-dezembro (ou janeiro-março para nós).

“Um crime de mestreâ€, na falta de produtos mais geniais, podia estar no último item acima. Anthony Hopkins volta a gelar a alma do público como Ted Crawford, um gênio milionário que atira na mulher infiel, confessa o crime e desafia o promotor Willy Beachum (Gosling, cujo “Half Nelsonâ€, pelo qual ele foi indicado ao Oscar ainda não deu as caras por aqui) a provar sua culpa.

Não é simples – aí está a graça - e falar mais que isso seria estragar surpresas. Gregory Hoblit (não por acaso, de “As duas faces de um crimeâ€) imprime ritmo aos diálogos, espirituosos e que não subestimam o espectador, e conduz a trama sem deixar o espectador piscar, ajudado pelo ótimo elenco. Gosling faz uma composição refinada de Beachum: extremamente competitivo e carreirista, ternos impecáveis e desacostumado a perder. Só convencidos dessa competitividade, é que aceitamos que ele coloque em risco seu cargo na Promotoria e o novo emprego em uma firma de advogados milionária, ao encarar a acusação de Crawford.

No outro lado do ringue está Hopkins e, bem, ele olha. E ele é mau. Na cena em que Willy interroga Ted na prisão, o editor David Rosenbloom corta rápido para cada um dos movimentos do promotor – que, tenso, faz barulho com a pasta, a caneta, o bloco de anotações – e, logo em seguida, para o olhar atento do réu. É quando percebemos que Ted estuda cuidadosamente o adversário e se mantém um passo a frente dele, sendo capaz de desestruturá-lo com uma simples pergunta: “Você se irrita por eu o chamar de Willy?â€.

E como é fácil odiar advogados, principalmente os arrogantes (redundância?), é interessante notar que o filme leve você a torcer, mesmo inconscientemente, por Crawford: um assassino frio, mas inteligente e charmoso. Lembra-se do mau e velho Sr. Lecter?

Por fim, se a conclusão da trama não faz jus ao roteiro, o caminho percorrido até ali vale a pena por um motivo: “Um crime de mestre†reconhece que o público (oh!) pensa. E olha que estamos só em maio.

Hopkins: “Mais perto, por favor, mais...perto...â€

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