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Brincando de ser punk

01.07.07

por Braulio Lorentz

Avril Lavigne – Let Go

(SonyBMG, 2002)

Top 3: "Complicated", "I'm With You", “Anything But Ordinaryâ€.

Princípio Ativo:
Punk fofo

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Aperto o play. Uma seqüência de quatro singles, dos quais três são muito bons, está prestes a começar. Os gritos furiosos e graciosos de “Losing Grip†começam a encher o meu quarto de barulho. Todas as músicas do debute da menina canadense de 17 anos deixam a impressão de que são compostas de adolescente para adolescente. Let Go, em poucas palavras, é um bem produzido petardo creditado a uma menina que se diz punk.

As treze faixas do disco deixam o ouvinte com a sensação de que já ouviu antes cada uma das gemas pop. Inicia a faixa dois, com a rebeldia de shopping de “Complicatedâ€. Avril Lavigne é punk de boutique e uma cena do clipe desse hit ilustra bem o que afirmo. A mocinha vem correndo com a rapaziada skatista. Quando todos se arremessam numa piscina, a garota freia, ou melhor, apenas finge que pula. Chapinhas em belas madeixas loiras estão aí para serem preservadas, não é mesmo?

E se for pop dizer que é punk, melhor ainda é dizer que é “o novo Sid Viciousâ€. Talvez Avril não tenha feito essas e outras cagadas de modo premeditado. Essa pirralhada faz cada coisa... No clipe de “Sk8ter boi†ela comeu uma barata durante as gravações. Essa pirralhada, realmente, faz cada coisa... “Sk8ter boi†é uma novelinha teen em forma de música. Mas de repente me pego cantando o refrão que rima “sk8ter boi†com “boyâ€. Acho que vou pular a quarta faixa, ela dá vontade de chorar e sorrir ao mesmo tempo. Melhor não, prefiro conferir o arranjo bonito de “I’m with youâ€.

É óbvio que não só de singles se faz um petardo de sucesso. “Mobileâ€, a faixa cuja introdução lembra “A Sua Maneira†do Capital Inicial, parece ter sido composta originalmente para Britney Spears. Avril brinca de ser rapper em “Nobody’s Foolâ€, mas só até o “lalala†do dançante pré-refrão, quando joga toda a pose de mauzona pro alto.

E o vocal da “Things I’ll never sayâ€? Seria fruto dos tempos em que Avril tinha 10 anos e escutava muito Cranberries? Nos idos de 95, Dolores O'Riordan talvez tenha sido uma de suas musas. “Anything but ordinary†é mais um ponto alto do CD. Até agonizando Avril Lavigne continua fofinha: “Alguém arrancou meu coração/ E me deixou aqui para sangrarâ€. Avril realmente quer ser tudo, menos ordinária. Claro que ela não obtém o que deseja. Ela é uma adolescente comum, responsável por um punhado de músicas comuns. Comuns, mas eficientes.

Ui

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