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Corra, Capitão América, corra

24.08.07

por Rodrigo Campanella

O Ultimato Bourne

(The Bourne Ultimatum, Estados Unidos, 2007)

Dir.: Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn, Joan Allen, Paddy Considine

Princípio Ativo:
triathlon estilo livre

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O Capitão América foi assassinado em março de 2007, aos 89 anos

O balaço de um franco-atirador atravessou seu abdome, no meio das listras brancas e vermelhas do collant de bandeira americana. Foi a concretização de um fato: o ícone americano do herói patriota não se agüentava de pé fazia tempo. Jason Bourne é a confirmação.

O Capitão América possível hoje é esse: um maluco neurótico numa maratona olímpica de ultraviolência correndo atrás de quem enfiou nele uma fantasia de herói, para atear fogo até nas cinzas dela e descobrir se ali debaixo existiu alguém. Bourne está a centímetros de descobrir a operação que o trouxe ao mundo e matou seu antigo nome, mas o enlameado comando da espionagem americana quer sua cabeça antes.

É como ver um novo Capitão casadinho com o mundo de hoje: buscando uma identidade incerta num quebra-cabeça internacional, certo de que o governo está observando cada vez que ele acessa a Internet ou fala no celular. Quando alguém diz “a Guerra Fria acabou†para o diretor Paul Greengrass (Vôo 93), ou seus roteiristas, eles devem rir de uma orelha à outra.

O Capitão América correu muito na vida

Bourne, décadas mais novo, já correu ainda mais. “O Ultimato†é um filme em que você está dentro de um trem descarrilado por quase duas horas, sem acesso à locomotiva. Mas não demora e dá vontade de apertar um botão imaginário de câmera lenta – para degustar melhor. Porque é tanto e tanto corte e trilha sonora no talo que parece que Greengrass, o maquinista desse e do filme anterior, não acredita no ótimo pacote de tensão em cada cena.

O melhor é que ele parece já ter visto todas as perseguições e pancadarias que nós também vimos, e não quer comprar páginas de roteiro usadas. O que se tem então é o estilo de ação ultra-veloz de “A Identidade Bourne†reciclado, com fleuma britânica. Os enquadramentos são elegantes até para arrebentar alguém no banheiro. James Bond daria dois zeros para ter algumas cenas desse filme.

O Capitão América sempre teve algo de figura de papelão

E o mesmo se aplica à maioria dos personagens da trilogia Bourne. Mas, na mão da direção e dos atores escalados, não incomoda. São figuras de um lado só mas tão bem recortadas, vestidas e manipuladas que você é capaz de imaginar uma sinopse para cada um. Até para os soldados-robô da mesma linha de Bourne, que agora aparecem – e, mesmo sem dizer nada, ficam na memória depois que o filme acaba, enquanto o ritmo da respiração volta ao normal ao longo do dia.

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Na verdade, o trem no fundo está parado

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