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Baixo calibre

14.10.04

por Rodrigo Ortega

REM – Around the Sun

(Warner, 2004)

Top 3: “Wanderlustâ€, “High Speed Train†e “Electron Blueâ€.

Princípio Ativo:
Lexotan

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Apesar das boas intenções, o novo álbum do REM é decepcionante. Ao contrário do estardalhaço de manifestos democratas como “Fahrenheit – 11 de Setembroâ€, Around the Sun, 13º disco do cada vez mais ativista trio da Geórgia, EUA, demonstra insatisfação sem muita inspiração. Um balde de água fria para quem esperava boas novidades no repertório dos shows contra a reeleição republicana que a banda vem fazendo junto com nomes como Bruce Springsteen e Pearl Jam, e via um bom caminho no rastro de “Bad Dayâ€, ótima música lançada no ano passado junto com a coletânea In Time: The Best Of REM 1988-2003.

A primeira faixa e single do disco, “Leaving New Yorkâ€, é bonita, mas não tem potencial de grande hit, o que faz Around the Sun parecer fadado a repetir o fracasso de New Adventures in Hi-Fi, álbum do REM que encalhou nas lojas em 1996. Com referências aos atentados de 11 de setembro, o single apresenta o tom geral do discurso do vocalista Michael Stipe no disco: o rompimento com o presente e um leve sentimento de esperança. “Eu quero que o sol brilhe em mim / Eu quero que a verdade me liberteâ€, canta Stipe na faixa título.

Mas o empenho do REM em causas políticas não parece ser o mesmo em fazer canções interessantes. Em “Wanderlustâ€, “High Speed Train†e “Electron Blue†estão alguns dos poucos momentos em que Michal Stipe, Mike Mills (baixo) e Peter Buck (guitarra) demonstram um mínimo interesse em não entediar o ouvinte com melodias arrastadas.

Após a saída do baterista Bill Berry do REM em 1997, a banda experimentou sonoridades com baterias eletrônicas, teclados, sintetizadores, e chegou a bons resultados nos álbuns Up (1998) e Reveal (2001). Em Around the Sun, apenas a faixa “Electron Blue†traz esses resultados interessantes das experimentações do novo REM. Em geral, os cinqüenta e cinco minutos do álbum são sonolentos, com intervenções burocráticas de violões e pianos.

“Eles não sabem o que você quer dizer / Eles não entendem / Eu quero gritarâ€, canta Michael Stipe em “Final Strawâ€, canção que havia sido lançada anteriormente no site da banda como protesto contra a guerra do Iraque. O problema é que ele não grita, ao contrário, esparrama seus versos em efeitos de voz e melodias modorrentas.

A onda nervosa e energética do novo rock faz os integrantes do REM parecerem ainda mais tiozões emburrados. Tomara que no próximo álbum, Stipe e companhia se empenhem mais, com ou sem Bush, em fazer boas canções.

Tio Stipe decepciona em Around the Sun

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