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Young folks de quase 30

01.11.07

por Daniel Oliveira

Podecrer!

(Brasil, 2007)

Dir.: Arthur Fontes
Elenco: Maria Flor, Dudu Azevedo, Fernanda Paes Leme, Sílvio Guindane, Lílian Castro, Gregório Duvivier, Érika Mader

Princípio Ativo:
belas imagens e músicas batidas

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O legal de escrever sobre a época de colégio, namoricos, panelinhas...é que quase todo mundo já passou por isso - ou está passando. Se roteiro e direção tiverem o mínimo de talento, o reconhecimento e empatia são inevitáveis. “Podecrer!â€, com sua total falta de originalidade e de uma trama com sustança bastante para um longa, aproveita-se dessa energia em um produto que, se é bobinho, não deixa de ser bem simpático.

A historinha é aquela: num colégio em 1981, Carol gosta de João que é amigo de PP que tem um caso com Melissa que também está ficando com Marquinho que tentou beijar Silvinha que ainda é apaixonada por Tavico, mais interessado em se dar bem na vida. O diretor Arthur Fontes extrai uma boa atuação do elenco, que faz até com que a gente esqueça do mal de Dawson – pessoas de quase 30 anos se passando por 17. O trabalho de Maria Flor (fazendo a mesma personagem de “Proibido proibirâ€, só que mais nova) & cia. é admirável, ainda mais quando os diálogos beiram perigosamente a superficialidade de “Malhaçãoâ€.

O roteiro é uma série de episódios ao longo do terceiro ano colegial dos personagens, o que deixa o espectador pensando, nos 20 minutos iniciais, quando a história vai começar. Seu único trunfo é ver nas paixonites dos estudantes a projeção de seus sonhos artísticos: Carol é música para João, que é cinema para ela. Melissa exercita sua persona-atriz com Marquinho e PP.

“Podecrer!†abusa de arquétipos desnecessários, como a megerazinha Ana Cláudia, que some e aparece de acordo com as conveniências do roteiro. E na cena em que Tavico faz um necessário discurso sobre a banda para o imaturo João, o fato de o filme querer fazer do primeiro um vilão é de uma inocência infantil, sem respeitar diferentes visões de mundo.

A colcha de retalhos é embelezada pela bela fotografia de Gustavo Hadba, que retrata no grão estourado a intensidade das experiências adolescentes. A trilha musical de Dado Villa-Lobos - hinos setentistas e oitentistas batidos para agradar - também ajuda a costurar as várias montagens de planos bonitos entre os ‘episódios’, mas nunca chega perto de uma inspiração tarantinesca.

Apesar da trama Malhação demais, “Podecrer!†seria um ótimo produto cinematográfico ao atender um público carente de boas produções nacionais: os jovens. Seria, se não escorregasse em um final melado, principalmente no “algum tempo depoisâ€, que dá vontade de esconder na poltrona de vergonha. Arthur Fontes tenta encerrar uma história que não termina ali. Afinal, se tudo fizesse sentido e fosse perfeito aos 18 anos, qual seria a graça de viver os 40 seguintes?

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