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A festa acabou

03.11.07

por Braulio Lorentz

Hot Hot Heat – Happiness Ltd

(Warner, 2007)

Top 3: "Let Me In", "5 Times Out Of 100" e "My Best Friend"

Princípio Ativo:
falta de empolgação

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Entre 99 e 2006 – ano em esteve no Brasil para uma comemorada apresentação no Nokia Trends, em São Paulo – a banda canadense Hot Hot Heat manteve seu posto de fonte de músicas dançantes e boas para serem alçadas ao repertório de DJs que tocam em festas de indie rock. Happiness Ltd, terceiro disco do grupo por uma grande gravadora, é prova de que a fonte secou.

Poucos momentos deste novo álbum remetem às canções mais festivas de trabalhos anteriores: Make Up the Breakdown, lançado em 2002, e Elevator, de 2005. No que depender do Hot Hot Heat, a festa chegou ao fim. A trilha sonora de agora é mais condizente com o momento em que o dono do bar pega um balde e joga água no chão na tentativa de fazer desaparecer tanto a sujeira, quanto os freqüentadores mais animados. Essa cena diz muito sobre Happiness Ltd.: um CD sem a rispidez do primeiro disco independente (Scenes One Through Thirteen, de 2001) e sem a empolgação dos outros trabalhos.

"Harmonicas & Tambourines" começa com pinta de mash-up de "Take on Me", do A-ha com "Uma Chance", do Moptop. O início desajeitado já prenuncia a fragilidade dos outros dois minutos e meio de faixa. O rock pateta do Hot Hot Heat decepciona: vai da produção descuidada de Rob Cavallo aos timbres de pato do vocalista, tecladista, co-produtor e principal culpado Steve Balls. Cavallo, que acertara a mão nos mais recentes CDs de Green Day e My Chemical Romance, não manteve sua fama de ser perito em amarrar conceitos e podar faniquitos (até Gerard Way, do MCR, rendeu bem mais do que o esperado sob sua tutela).

"5 Times Out Of 100" e "My Best Friend", embora reforcem a alcunha "prima pop pobre do The Rapture", são charmosas exceções. O refrão animado da segunda é uma das poucas partes do disco que funcionaria em uma pista de dança cheia. No resto, tudo fica mais truncado ("Conversation"), indie épico wannabe sem muito sal (no primeiro single "Let Me In"), e com um quê de tristeza e arrependimento nunca antes detectado ("Waiting For Nothing").

(Outra versão deste texto foi publicada no Jornal do Brasil)

Os cachinhos continuam os mesmos, mas a música...

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