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Cavando a cova do emo

07.04.08

por Braulio Lorentz

Panic At The Disco - Pretty. Odd.

(Warner, 2008)

Top 3: "Nine in the afternoon", "That green gentleman" e "When the day met the night".

Princípio Ativo:
síndrome de emo envelhecido

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"Estávamos ocupados escrevendo canções para vocês. Vocês não precisam se preocupar, ainda somos a mesma banda", engana o vocalista Brendon Urie em "We're so starving", introdução de pouco mais de um minuto que abre o segundo disco de seu Panic At The Disco - isso mesmo, sem o ponto de exclamação presente na estréia do grupo de Las Vegas.

Pretty. Odd., que chegou ao mercado americano no dia 25 de março, é muito superior ao frágil - A Fever You Can't Sweat Out, de 2005. O emo (gênero que mescla letras e vocais lacrimejantes, pegada punk pop e franjas) está morto para o quarteto.

A sina das bandas desta década parece ser mesmo a busca pelo rock mais indiépico a cada lançamento. Com o passar do tempo, nomes da safra 00 como Kaiser Chiefs, The Killers e Interpol capricham na pretensão, ao passo em que tentam (em vão) sair do gueto. Por mais que uma "Somebody Told Me" da vida tenha caído de pára-quedas na Jovem Pan, o emo cada vez menos emo mostra ter muito mais potencial do que o indie cada vez menos indie.

Não há surpresa ao saber que o My Chemical Romance andou pegando emprestado timbres de guitarra do Queen; como não espanta também descobrir que o álbum de cabeceira dos integrantes do Panic durante as gravações de seu mais novo rebento foi Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. A escolha até combina com a obsessão dos caras por nomes gigantes.

Para soar com a textura de uma banda velha classuda - sobretudo em "That green gentleman" - os americanos gritaram o nome de Rob Mathes, que produziu Pretty. Odd., fez os arranjos, e ainda tocou piano, teclado, guitarra, violão e bandolim. Mathes, que no ramo do rock já havia trabalhado em discos de Lou Reed e Rod Stewart, põe o lado emo do Panic para correr. Mantendo a mesma linha de raciocínio, o grupo escolheu o estúdio inglês Abbey Road para mixagem e parte da gravação. Se você quer soar como os Beatles, vá direto à fonte.

O primeiro single, "Nine in the afternoon", é pegajoso e urgente, sem ser tão emotivamente afetado. Em faixas que agradam na primeira orelhada como "When the day met the night" e "Northern Downpour", o Panic At The Disco se afasta de seus pares Fall Out Boy e Paramore; e se apresenta como quase um sobrinho de grupos que vão pela linha do britpop psicodélico como Super Furry Animals e The Coral. Ainda chegará o dia em que os emos canadenses do Simple Plan lançarão um disco cheio de respingos de seu conterrâneo Rush. Não que isso seja bom; a síndrome do emo envelhecido é que está pegando geral.

Franjas são os únicos resquícios do finado gênero

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