Ode to my father
08.10.08
por Daniel Oliveira
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Quando você viu seu pai pela última vez?
(And when did you last see your father?, Reino Unido/Irlanda, 2007)
Dir.: Anand Tucker
Elenco: Colin Firth, Jim Broadbent, Matthew Beard, Juliet Stevenson, Elaine Cassidy, Gina McKee
Princípio Ativo: melodrama literário
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Você já viu trocentos filmes como “Quando você viu seu pai pela última vez?â€: um filho e um pai, assuntos não-resolvidos, palavras não-ditas, acusações nunca feitas, perdões nunca pedidos. O público deve se emocionar, achar lindo, sair da sessão atrás do pai e dar um grande abraço para ter certeza de que não vai se arrepender quando ele se for.
Se você não chorar pelo menos uma vez durante o longa, perdeu seu ingresso.
Só que você já viu esse filme. “Quando você viu seu pai pela última vez?†é “Peixe grande†sem Tim Burton na direção. O cineasta Anand Tucker tenta dar certo pedigree à história real do escritor Blake Morrison (Firth), à s voltas com os fantasmas de um pai bonachão demais, Arthur (Broadbent), que agoniza num leito de morte lento e doloroso devido a um câncer. A fotografia é belÃssima e a reconstituição de época - com figurinos, trilha musical e cenário - é primorosa. Até um vai-e-vem na edição o diretor arrisca para nos convencer de que se trata de um Filme.
Mas tudo isso não consegue esconder o fato de que “Quando você viu seu pai pela última vez?†é melodramático até a unha do pé, com um começo pouco original, um meio bacaninha e um final que só falta espancar para te fazer chorar. Faltam vida e originalidade ao filme – um quê de inusitado que “A garota da vitrineâ€, filme anterior de Tucker, possuÃa e que é substituÃdo aqui por um tom novelesco, super-apoiado na fonte literária do material.
Colin Firth faz o que ele sabe melhor: banca o perfeito arquétipo do homem britânico - 45% de sarcasmo, 30% de exagerada educação e 25% de constipação emocional. Jim Broadbent faz um bom trabalho como o pai carinhoso, mas imperfeito - nada que se destaque de seu talento habitual. Resta ao jovem Matthew Beard, que interpreta Blake durante a adolescência, trazer frescor ao filme. Os flashbacks dele, sua tensão, seu ódio e amor pelo pai são os melhores momentos de “Quando você...†– os únicos em que o longa consegue ficar um pouco mais descontraÃdo e menos forçado em sua sentimentalidade.
Não que “Quando você viu seu pai pela última vez?†seja ruim. Ele passaria bem num sábado à noite no Super Cine, se você não tiver nada melhor pra fazer. Só que a falta de inspiração cinematográfica deixa a impressão de que a obra original, o livro de Blake Morrison, deve ser bem melhor. Do tipo que leva à s lágrimas, sim, mas pela autenticidade dos sentimentos auto-biográficos do autor – e não por uma trilha melodramática subindo no BG e te dizendo com todas as letras: “é agora, pode chorar. Chama catarse, é bomâ€.
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Sim, o filme é na Inglaterra, aquele lugar onde o sol nunca nasce.
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