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Crime e castigo

09.10.08

por Daniel Oliveira

A guerra dos Rocha

(Brasil, 2008)

Dir.: Jorge Fernando
Elenco: Ary Fontoura, Diogo Vilela, Nicette Bruno, Marcello Antony, Lúcio Mauro Filho, Giulia Gam, Taís Araújo, Ludmila Dayer, Felipe Dylon

Princípio Ativo:
Histrionismo sem graça

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Senhor,

Eu sei que tenho sido um editor mau, muito mau. Tenho mandado meus esforçados e prestimosos colaboradores para bombas e me esquivado delas furtivamente. Mandei o Igor para isso, o Cedê para esse e o Renné teve que encarar isso aqui. Sobrou até para a Mari. E enquanto isso, eu estava aqui.

Por tudo isso, eu aceito: “A guerra dos Rocha†é meu castigo. Logo na primeira seqüência, a protagonista Dina (Fontoura) compra pão e, ao abrir o portão de casa, o pacote não está na mão dela, para depois, com ela já dentro da sala, ele estar lá de novo. Já ali eu sabia: seriam os 90 minutos mais longos da minha vida. E eu merecia.

Merecia Diogo Vilela, Marcello Antony e Lúcio Mauro Filho – os três irmãos Rocha, brigando para não ficarem com a mãe, Dina – disputando para ver quem é a diva mais histriônica do filme. É impressionante como eles conseguem entregar todas as falas com um nível de STRESS totalmente EXAGERADO e que exaure os nervos com doze minutos de longa. Mas não é culpa deles, Senhor. Jorge Fernando é o diretor. “Sexo, amor e traiçãoâ€, lembra?

Merecia também o Felipe Dylon. Sim, Dylon. Ele está no filme. E uma de suas falas é “Eu não sei falar só ‘na maior’. Sei também ‘na menor’â€. Quem chamou? Não sei. Mas o Senhor sabe o que faz.

Há também a seqüência do velório, que parece uma reunião do elenco da “Escolinha do Professor Raimundoâ€. Só que esqueceram de chamar o Chico Anysio para tentar torná-la engraçada.

E claro, não podia faltar Guto Graça Mello, o Ed Wood das trilhas musicais do cinema nacional. Escutar seus arranjos tentando ser engraçadinho, dramático, criar suspense... faz as compilações de hits da 98 FM de novela das oito parecerem a nona sinfonia.

Acima de tudo, porém, há o Ary Fontoura. Em nenhum momento “A guerra dos Rocha†justifica porque Jorge Fernando fez o septuagenário ator se travestir no papel de Dina. Será que eles não sabiam que já era batido quando Robin Williams fez isso nos anos 90? Não seria desrespeitoso, Senhor, com “Quanto mais quente melhorâ€, a maior comédia de todos os tempos? Não merecem eles queimar no fogo do inferno?

Por fim, Senhor, “A guerra dos Rocha†é uma comédia que não é engraçada. Só as cenas de Dina e sua amiga chapadas com os seqüestradores passam perto de instigar uma risada. O roteiro de Maria Carmem Barbosa, inspirado na peça “Esperando la carrozaâ€, simplesmente não tem uma piada boa ou original.

Mas eu sei: eu mereço. Só que ninguém mais merece, Senhor. Ninguém. Então não deixe que a isca “dos mesmos produtores de Se eu fosse você†no cartaz fisgar o público. Só isso te peço.

Amém.

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Se alguém perguntar, a culpa é dele.

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