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Pegando Fogo

28.10.08

por Taís Oliveira

Kings of Leon - Only By the Night

(Sonybmg, 2008)

Top 3: "Sex on fire", "Notion", "Crawl" .

Princípio Ativo:
Maturidade

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Uma das proezas atribuídas a Sansão e sua força estupenda é a de rasgar um leão ao meio com as próprias mãos. Os Kings of Leon tiveram os cabelos cortados, mas não perderam a força. Pelo contrário: o quarto álbum dos Followill, Only By The Night, vendeu impressionantes 220 mil cópias no Reino Unido só na primeira semana, perdendo o recorde apenas para Viva La Vida Or Death And All His Friends do Coldplay. Tanto o disco quanto o single "Sex on Fire" alcançaram o topo das paradas britânicas – um pouco em função da NME e muito em função do êxito do antecessor, Because of the Times.

Se vai ser repetitivo (pelo menos para mim) falar sobre como a banda saiu do som instável das “salvações do rock†para um produto mais consistente, que eles são um grupo que caminha pra frente em vez de para os lados, o que sobra pra falar? Das boas músicas.

“Closer†abre o CD de maneira densa, mostrando o que se ouvirá adiante, em algumas músicas: versos marcados pela bateria e vocal, com guitarras e baixo bonitos, criando climas diversos. Um dos méritos de Only by the Night é exatamente esse: ser um material bem produzido seguindo a linha bateria, baixo, guitarra, coisa que dá até saudade nesses tempos de bandas que fazem “uma mistura de indie rock com electro com um tiquinho assim de carimbóâ€. Se é para salvar o rock, o Kings of Leon salva agora, só por fazer um disco bom.

“Crawl†chega com um efeito eletrônico meio Nine Inch Nails, que reaparece em outros momentos do disco. A aura sexy da música abre espaço para, em seqüência, surgir o ápice do sexy no rock: “Sex on fireâ€. Esta é a parte crucial de Only by the night. A vontade é de manter “Sex on fire†no repeat eternamente (ou até a bateria do MP3 player acabar). É o single do ano (já dizem as paradas inglesas).

As quatro músicas seguintes dão uma apagada no fogo. Mais calmas, sobra tempo para reparar no som maravilhoso do baixo e na potência vocal de Caleb Followill que, apesar do sotaque, da voz anasalada e de falar mais embolado que o Eddie Vedder, dá uns gritos admiráveis.

Mesmo com a banda dizendo que parou de se drogar e que não briga mais por mulheres, parece que o Kings of Leon deu um pé na bunda de deus e só quer saber de sexo. A fama de pegadores não vem de agora e aparece a todo momento no álbum – mais obviamente em “Sex on fire†e “17â€.

“Be somebody†e “Cold desert†finalizam o álbum com um clima de crise existencial. De religiosos sulistas conhecidos como caipiras que salvariam o rock, eles agora não precisam salvar nada e se tornaram bonitões e sexys. Não é à toa que eles não sabem direito quem são e que passam do sexo pegando fogo para o deserto gelado. “Jesus não me amaâ€, Caleb diz. Parece brega, mas quem canta é um crente. As mulheres e as crises existenciais podem não render letras muito boas, mas parece que ter deixado de lado as drogas e a religião fez bem ao Kings of Leon.

Com exceção de “Sex on Fireâ€, nenhuma outra música do disco se destaca muito, sem jeito de próximo single. Não que isso seja problema: o mérito do Kings of Leon foi fazer um disco uniformemente bom, que foge do fenômeno das duas músicas e não obriga ninguém a sofrer ou forçar a barra para conseguir ouvir inteiro.

Kings of cinza

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