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Onde eu errei?!?

22.11.08

por Igor Costoli

Max Payne

(EUA, 2008)

Dir.: John Moore
Elenco: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Chris O`Donnell, Ludacris, Beau Bridges, Olga Kurylenko, Kate Burton

Princípio Ativo:
Ritmo e cores

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É curioso ver que, dentre todas as formas artísticas, a que movimenta as maiores fortunas globo afora é exatamente a que passa pelo maior vácuo criativo. O cinema habituou-se a recorrer à literatura e aos quadrinhos, tendo como agradecimento, ao menos, já ter-lhes prestado obras-primas como fruto da adaptação. Contudo, a sétima arte continua apanhando da fonte que, ao contrário das outras duas, possui mercado forte e já a supera mundialmente: os games.

Por isso, é com certo desapontamento que as salas de cinema recebem “Max Payneâ€. Ele tinha tudo para ser essa obra-prima, um grande filme pelo menos, mas...ainda não foi desta vez.

Mark Wahlberg, no papel-título, já esteve melhor, mas também já esteve pior. Na história do policial que tem sua família morta por bandidos e parte numa busca cruel por uma vingança (que ele chama de justiça) encontram-se elementos que fotografam muito bem: um anti-herói, o declínio moral de um homem, o mistério do motivo, o espaço da reviravolta na trama, a ação e a possibilidade de redenção final. Mas o que era um ponto forte no game, aqui é a parte mais frágil: os roteiristas entregaram um material pobre, capaz de tornar ainda mais evidente a dificuldade de John Moore na direção de atores. De modo que as melhores atuações pertencem a Chris O`Donnell e ao rapper Ludacris (!?).

O jogo se tornou um grande sucesso exatamente por dialogar com o cinema: game de plataforma, em terceira pessoa, possuía um roteiro bem amarrado, cenário noir, e utilizava-se de câmera lenta e do efeito bullet time, famoso desde “Matrixâ€. Havia, sim, razão para apostar na adaptação. Só que, mais uma vez, contentaram-se em fazer dinheiro em vez de se esforçar pra realizar um filme.

Nem tudo são problemas: Jonathan Sela e Dan Zimmerman (repetindo a parceria com Moore, respectivamente, na fotografia e edição), além da direção de arte e efeitos, trabalharam com capricho. O visual é impecável, tanto nas sombras quanto nas externas em que “neva no infernoâ€. Os fãs sentirão falta do bullet time, da visualização em 3D das cenas, mas não poderão reclamar do bom uso de câmera lenta. Na verdade, a melhor homenagem à fonte original está nos créditos de encerramento. Muito pouco para um game tão cultuado.

O filme engrena justamente quando já é tarde demais. Quando não há mais o que se entender, apenas deixar Max Payne no modo automático, sem trava de segurança, na sua catártica seqüência final, do cais ao topo do edifício. Ao final dos créditos, a deixa para uma continuação. E o produtor Scott Faye ainda quer levar Duke Nukem ao cinema...

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