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O quê que é isso, é punk?

30.01.09

por Taís Oliveira e Eduardo Soares

Titãs - a vida até parece uma festa

(Brasil, 2008)

Dir: Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves
Elenco: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto

Princípio Ativo:
diversão (solução sim)

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A vida até parece uma festa

Não imaginava que os Titãs eram tão legais. Mas Branco Mello, junto a Oscar Rodrigues Alves na direção, conseguiu me convencer com este retrospecto das quase três décadas da banda em “A vida até parece uma festaâ€. Calcado em filmagens do acervo pessoal dos músicos, o documentário mostra oito jovens argutos em esquetes encenados nos momentos de descontração, cheios do humor afiado que a ‘juventude cool’ adora venerar.

Em certas horas é isso que nos resta

O longa vai desde os shows em clubes pequenos e festas até os programas de auditório, em que o humor surge tanto da presença de espírito do grupo quanto das gafes dos apresentadores. (O título deste texto é uma frase de Hebe Camargo, espantada com o semi-moicano de Arnaldo Antunes nos idos dos anos 80). Já Sílvio Santos se desconcertou com seu auditório pedindo a música “Bichos Escrotosâ€: “- Ai, que palavrão!â€.

Não se esquece o preço que ela cobra

“A vida até parece uma festa†retrata ainda os anos áureos, quando os Titãs levavam estádios lotados ao delírio com um rock pesado que atacava instituições como a polícia, a família e a igreja. A festa é por vezes interrompida, como em 1985, quando Antunes e Bellotto foram pegos com heroína. O primeiro ficou um mês em cana e o segundo foi liberado após pagar fiança. Anos depois, Sérgio Britto vociferava a letra de “Políciaâ€, acompanhado por milhares de jovens no Hollywood Rock.

A surpresa não é saber cantar todas as músicas, mas constatar o forte apelo pop e os excelentes músicos que nada deviam para as bandas punk/new wave gringas. Está tudo lá: as saídas de Arnaldo Antunes e de Nando Reis, a morte de Marcelo Fromer, os atritos com o produtor Liminha... E tudo muito bem editado, vale dizer.

Em certas horas isso é o que nos sobra

O documentário consegue o que o comportado Acústico MTV tentou: mostrar a qualidade e importância do repertório titânico, com a vantagem de ser bem mais interessante. Em vez de banquinho e violão, versões antigas e rascunhos das músicas ouvidas nos discos; em vez de Marisa Monte, Sepultura e Roberto Carlos; em vez de velhos caretas, Mamão e as Mamonetes.

O recorte otimista acaba sendo um acerto muito maior e mais gratificante (para público e banda) do que uma visão objetiva. “Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa†é ao mesmo tempo uma descoberta fascinante para quem está nos 20 e poucos anos e um sólido documento para se resgatar a história do rock brasileiro. De brinde, uns vídeos caseiros, umas boas risadas, e um timing perfeito para a edição.

Mais pílulas:
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A vida até parece uma festa...de debutante: impressão minha ou o Sérgio Britto tinha 15 anos nessa foto?

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