Grey’s anatomy 7×06 These arms of mine


Depois de sete temporadas, a gente já sabe o que esperar de “Grey’s anatomy”: uma introdução rápida dos pacientes do dia, a cena engraçadinha do almoço, cirurgias, complicação, lágrimas, as filosofias de buteco da locução final de Meredith. Por isso, é sempre bom quando os roteiristas resolvem mexer um pouco na fórmula.

Em These arms of mine, assistimos a Seattle Medical: Road to recovery, documentário televisivo sobre o tiroteio que matou 11 pessoas no Seattle Grace durante o fim da última temporada. O grande risco da proposta era simplesmente explorar a boa repercussão da season finale, sem adicionar nem avançar a história. Mas o que se viu foram storylines bem construídas, uma das melhores performances do elenco como um todo (até o insosso Eric Dane esteve bem) e provavelmente o melhor episódio da atual temporada.

Mérito do diretor Stephen Cragg, que conseguiu equilibrar a linguagem que o ‘programa dentro do programa’ devia ter (câmera na mão, letterings, entrevistas etc) sem perder o drama e o ‘espírito’ de “Grey’s”. Os monólogos confessionais, típicos dos pacientes do Seattle Grace, soaram bem mais naturais ditos para a câmera, por exemplo. Quem, com o perdão do trocadilho, não ficou com um nó na garganta ao ver a história da menininha sem voz não tem coração.

Ela, aliás, trouxe o grande destaque do episódio: Justin Chambers. A identificação (e evolução) profissional de Alex Karev na Pediatria é boa em dois níveis: ajuda o público a esquecer o coração partido (e impossível de ser remendado) do personagem após a saída de Izzie; e serve como um bom contraponto para a jornada de Cristina e Meredith que, com o trauma de Yang, têm estado bem menos focadas na carreira.

Ver Alex dizendo que “não se precisa gostar de crianças para ser bom em Pediatria”, logo após cantar uma música de Joe Jonas e Demi Lovato para a menininha apavorada no aparelho de ressonância magnética, é apreciar o melhor do personagem. Depois de uma vida inteira levando porrada toda vez que baixava a guarda, esconder seu lado bom é a defesa de Karev para não deixar ninguém se aproveitar dele.

Outro destaque individual foi Sara Ramirez. Callie cresceu (e muito), está bem menos imatura e cada vez melhor profissionalmente. E seja ao se envergonhar pela arrogância dos colegas diante das câmeras, seja mandando ver no transplante de braços, ou encarando a partida da namorada para a África, Ramirez nunca esteve melhor. Aliás, apesar de saber que o prêmio e a viagem de Arizona são meras desculpas para a licença-maternidade de Jessica Capshaw, o anúncio de que ela e Torres estavam deixando o hospital no final do episódio não soou forçado; pelo contrário, chegou a dar um frio na barriga. Sinal de que os roteiristas souberam tornar o percalço orgânico ao seriado.

No mais, as novas medidas de segurança renderam esparsas pinceladas de humor durante o episódio (só eu que gostei de ver os personagens xingando pela primeira vez, mesmo que bleepados?). E a volta de Mary (Mandy Moore) para a colostomia que não aconteceu na season finale passada realmente me surpreendeu. [spoiler] Só eu [2] que nem sonhava que ela fosse morrer? Da felicidade após a cirurgia, passando pela fortaleza com que explica o coma para a câmera, até o choro escondido no final, [/spoiler] Chandra Wilson sintetizou em três atos a complexidade e a competência de Miranda Bailey – e de sua atuação.

Por fim, Cristina. Yang. Paralisada. Largando traumas na maca e indo dormir. O que era doloroso já está beirando o insuportável e, pelo que acompanho, os fãs da série estão começando a perder a paciência. Mas reafirmo: depois do que ela passou, o trauma é verossímil – o que não significa que é algo bom de ver. Considerando o talento de Sandra Oh, darei meu voto de confiança a ela e aos roteiristas, na crença de que a resolução final valerá o longo calvário que estamos purgando com a personagem.

E, com base na promo aí embaixo, pode se preparar que semana que vem ele continua.


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