“Community” parece ter assumido de vez que vai brincar com um gênero cinematográfico a cada episódio. Dessa vez, foram os filmes de fantasia como “O Jardim Encantado” e “As Crônicas de Nárnia”. Só que aqui o portal que leva a um mundo mágico é na verdade uma porta que leva até um pula-pula.
Usando uma fotografia diferenciada que brinca com os clichês do gênero e utiliza as cores estouradas para diferenciar o “mundo mágico” da realidade de Greendale, este episódio não teve diálogos memoráveis, mas se estabeleceu a partir de uma estrutura irônica e divertida.
Para contrapor a paz de espírito de Troy e Jeff no pula-pula, o segundo arco narrativo traz Abed andando com Shirley, Annie e Britta, em uma situação quase-paródia de “Garotas Malvadas”. Como uma espécie de Robocop que dispara frases sarcásticas para humilhar outras mulheres, Abed se transforma em uma arma nas mãos de suas amigas. O alvo principal é a líder das bad girls de Greendale, vivida por uma Hillary Duff apática.
Por sua vez, Senõr Chang mais uma vez rouba a cena, com suas hilariantes reações aos comentários feitos por Abed sobre as mulheres. O momento “high school” abusa do humor negro, desfilando uma série de piadas politicamente incorretas, funcionando como excelente contraponto que valoriza e justifica a “fuga” de Troy e Jeff daquele mundo.
Como nos filmes do gênero, um estranho vai invadir a realidade encantada e espalhar a destruição. Em “Community”, o papel cabe a Pierce… Sua entrada no jardim do pula-pula rende boas piadas e nos dá mais uma atuação inspirada de Chevy Chase.
A surpresa com o jardineiro no final fecha de maneira inteligente uma história cujo tema central foi a discriminação: tanto de Abed com as mulheres quanto de Troy e Jeff com Pierce. Mais uma vez, “Community” entregou um episódio bem acabado, com tudo no lugar certo e pelo menos uma frase hilária: “Even Tom Cruise knows he’s short and nuts”.
O problema é que a série, que possui seus melhores momentos quando é surpreendente, parece estar caindo em uma fórmula. Tomara que isso mude antes de se tornar um clichê como aqueles que ela mesma ironiza.