Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy


Nossa avaliação

[xrr rating=5/5]

Vai uma capa original aí?

Foi só o disco pintar na praça que todo mundo correu para meter cinco estrelas no negócio – fenômeno semelhante aconteceu em 1997, quando o Oasis lançou Be Here Now, como bem lembrou o Guardian. A relação justifica-se: Kanye e os irmãos Gallagher perfazem aquele típico estereótipo da personalidade encrenqueira, que críticos e consumidores de música amam odiar. Livre, no entanto, da obrigação de se tornar um alicerce santificado da cultura pop, My Beautiful Dark Twisted Fantasy se sustenta bem, obrigado.

Kanye quer abraçar (e abarcar) o mundo todo. My Beautiful Dark Twisted Fantasy tem de tudo: dos seus trutas mais chegados (Kid Cudi, Jay-Z) até uma galera que não tem muito a ver com ele (Justin Vernon, do Bon Iver). As músicas aqui são um pouco mais extensas. Runaway, o segundo single, tem nove minutos. West não é mais apenas um Chi-Town nigga: ele quer tudo o que puder pegar. E você que saia da frente.

Ele conduz, com o mesmo ardor, frivolidades comuns do lirismo hip-hop (“I fell in love with a pornstar”, em “Hell of A Life”, que tem a melodia de “Iron Man”, do Black Sabbath, no refrão) e pomposos clamores à massa (ele fala de uma “Obama’s Nation”, em “Power”). Tudo isso recheado com um ecletismo musical vigoroso. As músicas se apóiam em notas simples de piano (como “Blame Game“ e a já citada “Runaway”) ou texturas musicais mais, digamos, recheadas: ouça “Monster”, a melhor do disco, e comprove. “Monster” e All Of The Lights”, inclusive, são as mais dignas representantes daquele hip-hop festeiro que tanto desagrada os detratores. Você, que não suporta hip-hop nem fodendo, pode pular essas duas, aproveitando que uma vem convenientemente depois da outra.

Kanye pode até não ser, como ele mesmo disse, o melhor músico da sua geração. Mas desde “College Dropout” – com exceção de 808 Heartbreak, talvez, não tão bom quanto os outros – as canções do sujeito põem fácil um sorriso no rosto de quem tem paciência o bastante para ultrapassar o paredão de declarações bobinhas e pegar os álbuns para ouvir.


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