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Esse é o típico disco que cabe tanto em uma taberninha detonada de beira de estrada quanto em um Wembley da vida. Quero dizer, pegue “Rise To Me”: é fácil visualizar uma execução apoteótica da canção em um Coachella lotado ou embalando a torta de limão de alguém que acabou de fugir de casa e resolveu parar na primeira estalagem que pintou. E essa versatilidade, meu amigo, não é um negócio que a gente vê tão constantemente.
Em “The King Is Dead”, sexto álbum de estúdio do Decemberists, o entrosamento de Colin Meloy (vocalista, homem) e Gillian Welch (vocalista, moça e convidada especial) é tão latente que chega a lembrar os melhores momentos de outra dupla afinada e envolvida com o folk, os ingleses Richard e Linda Thompson. Apesar de Meloy ter declarado que o disco “marca o nosso retorno às nossas origens norte-americanas”, “King Is Dead” é tão coeso – é essa a palavra mesmo – que a gente releva essa leve negação de intenções.
O primeiro single escolhido foi “Down By The Water”, faixa seis do álbum. Para aqueles que ainda são doidos o bastante para ouvir um disco novo do início ao fim, ignorando o apelo facilitado dos hits, o prêmio é levar, de bandeja, as cinco primeiras faixas, que já consolidam a solidez do lançamento. Além da já citada “Rise To Me”, temos “Calamity Song” (nunca um UIVO musical soou tão apropriado), “Rox In The Box” (faixa que melhor representa a sintonia das duas vozes do disco) e “January Hymn” que, certamente, é uma música que Michael Stipe desejaria ter feito.
Mas, convenientemente, reservei esse quarto parágrafo para falar da minha preferida, “This Is Why We Fight”. Ainda não entendi sobre que diabos essa canção versa (ahn… Cabul?). Mas, a não ser que você teve o coração extirpado e cauterizado na adolescência, é impossível passar incólume ao refrão e os violões em alta velocidade que carregam o single nas costas. Eu não sei quantos takes o produtor levou para que Meloy acertasse a voz, um ou cinqüenta e seis. Mas, mano, FUNCIONOU.
Duas sensações predominam, durante a depois de “The King Is Dead”: domínio e familiaridade. De que aquela gaita que entra em “Down By Water” já havia sido pensada há tempos ou de que os Decemberists não estão muito interessados em ser uma megabanda inacessível. Devido à sinceridade e entrega emocional contidas nas letras e arranjos, esse poderia ser, perfeitamente, o disco que os seus camaradas de infância gravaram e lhe enviaram uma cópia em cd-r.
P.S.: Jenny, estamos com você!
2 respostas para “The Decemberists – The King Is Dead”
Quando Colin canta “We are all our hands and holders, beneath this bold and brilliant sun… and this I swear to all”, me dá vontade de VIVER (mesmo que você não tenha mencionado Don’t carry it all – uma das minhas favoritas do álbum – no texto =p) hehe. E eu prefiro June Hymn a January Hymn… mas as duas são fodas. Puta CD bom. Belo texto.
Nunca gostei de Decemberists. Ouvi um ou dois discos, tentei gostar mas não deu. Após ler uma crítica positiva deste “The King is Dead”, resolvi baixar e… não consigo parar de ouvi-lo. Com certeza o disco que eu mais ouvi este ano. Um trabalho irretocável, TODAS as músicas são muito boas. Minhas favoritas, se é que alguma se destaca, são “This is why we fight”, “Calamity Song”, “Down by the water” e “Don’t carry it all”.