Ele não é exatamente um dos inimigos do Batman mais conhecidos do público. Sua única aparição no cinema havia sido uma pequena participação como capanga no vergonhoso “Batman & Robin”, de 1997. Agora ele volta às telonas como o vilão principal de “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, e os fãs cinéfilos do homem-morcego dificilmente irão esquecê-lo. Mas os fãs dos quadrinhos já o conhecem bem…
Na década de 1990, os editores das revistas do Batman e do Superman planejavam dar uma “sacudida” nas coisas com novas versões dos personagens. Mas antes, precisavam tirar os antigos de circulação. Para derrotar o cavaleiro das trevas, decidiram que, ao invés de usar um dos vilões existentes que sempre apanhavam do herói, era preciso criar um novo personagem, alguém que parecesse ameaçador e impossível de se vencer. Entram Chuck Dixon, Graham Nolan e Doug Moench. Em 1993, eles apresentaram ao mundo o vilão Bane, antagonista da minissérie “Knightfall” – um trocadilho entre “knight” (cavaleiro) e “nightfall” (cair da noite), e que por aqui foi traduzida simplesmente como “A Queda do Morcego”.
Bane é oriundo de Santa Prisca, uma nação hispânica ficcional. Seu pai havia sido um revolucionário, e mais tarde viria a ser o vilão Rei Cobra. Quando Bane nasceu, ele foi condenado a cumprir a pena de prisão perpétua atribuída a seu pai, então fugitivo. O garoto cresceu na prisão de Peña Dura sob condições deploráveis, mas ali se desenvolveu intelectual e fisicamente, além de aprender a duras penas as leis da sobrevivência. Já adulto, estabeleceu-se como o “rei” de Peña Dura, mas seus carcereiros decidiram usá-lo como cobaia no desenvolvimento da droga anabolizante “Veneno”. A droga conferiu a Bane uma força descomunal, mas também o deixou profundamente viciado.
Bane escapa de Peña Dura com seus capangas e decide “conquistar” Gotham City ao observar os paralelos entre a prisão e a cidade corrupta do Batman. No clímax da saga Knightfall, após manipular os inimigos do morcego e levá-lo à exaustão, Bane derrota o herói fisicamente, partindo sua coluna. Assim, Bruce Wayne decide viajar pelo mundo em busca de uma cura para os seus ferimentos, deixando o herói Azrael em seu lugar como o “novo” Batman. Bane acaba sendo derrotado por essa nova e violenta versão do homem-morcego, que corta os tubos que injetam o “veneno” em seu corpo, deixando-o enfraquecido.
Convencido de que o vício pela droga havia sido a causa da derrota, Bane luta para se livrar do “veneno” e chega até a se unir ao Batman – novamente Bruce Wayne, recuperado – contra traficantes locais. Agora dependendo apenas da força dos seus músculos e livre da droga, Bane impressiona Ra’s Al Ghul, que o escolhe como herdeiro da Liga dos Assassinos, uma honra previamente cedida ao próprio Batman, porém recusada. É então que Bruce Wayne tem sua revanche contra o homem que o derrotou: a fim de deter a tentativa de Ra’s de espalhar uma epidemia em Gotham, ele finalmente derrota Bane.
Mais tarde, Bane abandona novamente o crime e sai em busca de suas origens. Ele chega a se convencer por um tempo de que seu pai biológico era um médico americano que visitava Santa Prisca: ninguém menos que Thomas Wayne, pai de Bruce. Nessa época ele luta ao lado do Batman, e os dois permanecem aliados mesmo após os testes de DNA desmentirem essa teoria. Após algumas curtas recaídas, Bane retorna ao seu país natal, onde enfrenta os cartéis locais e descobre que a droga “veneno” é baseada na pílula “miraclo”, que confere uma hora de superforça ao herói Homem-Hora.
Uma das aparições recentes mais conhecidas do personagem, entretanto, é a sua participação no “Sexteto Secreto”, uma equipe formada por ex-vilões, onde ele adota uma postura paterna em relação à personagem Escândalo. Entretanto, no relançamento da linha DC Comics, em 2011, Bane é reformulado de modo a se parecer mais com a versão mais “extrema” apresentada pelo jogo “Batman – Arkham Asylum”. Aqui o personagem é revertido a uma época em que ainda lutava contra o vício na droga anabolizante.
Seja na versão em quadrinhos (com sua máscara de luta livre mexicana e suas injeções de “veneno”) ou na versão cinematográfica de Nolan (com sua máscara tecnológica e voz esquisita), Bane é um cara que pode ser descrito em uma palavra: badass. Mas se você puder usar seis palavras, dá pra entrar em mais detalhes: ele é “o homem que quebrou o morcego”. E esse é um clube muito, muito exclusivo.