Entrevista: Luiz Fernando Guimarães, Reynaldo Gianecchini e diretor de Se Puder… Dirija!


“Se Puder… Dirija!” tem o alardeado primeiro 3D de um filme brasileiro live-action. Se esta era para ser a principal qualidade do filme, o problema é grande. Pois a técnica não é apenas inútil, mas mal usada. E ainda foi utilizada a mesma câmera de “O Espetacular Homem-Aranha”, que deve estar com defeito, já que na aventura do aracnídeo o 3D também não funcionava bem.

Esta comédia (mais uma…) pretende ser uma emocionante sequência de erros na vida de João (Luiz Fernando Guimarães), pai ausente que promete passar o dia com o filho, mas se esquece que trocou a folga no trabalho de manobrista. O sujeito pega um dos carros dos clientes e vai buscar a criança, no caminho se envolvendo em várias confusões que, além do caráter episódico cansativo, não tem graça nenhuma. Soma-se a isso uma montagem que nunca cria tensão, uma ator infantil insuportável, e várias participações especiais deslocadas de todo o resto (como o ciclista vivido por Reynaldo Gianecchini ou o guarda de Eri Johnson). Além, claro, do já citado 3D que é usado sem muito cuidado nos primeiros minutos para depois ser esquecido. O único que se salva acaba sendo Leandro Hassum, muito mais pelo talento do que por qualquer outra coisa.

O diretor Paulo Fontenelle disse que foi um grande desafio fazer uma comédia em 3D: “A primeira preocupação era usar a melhor tecnologia possível. O Brasil tem capacidade de fazer um filme em 3D como em qualquer lugar do mundo. Mas a primeira preocupação é a história, você não pode jogar a tecnologia gratuitamente”. É uma pena que isso não apareça na tela, e a justificativa da técnica não faz muito sentido quando se vê o filme. “O 3D funciona pelo carro. Como o filme se passa muito dentro do carro, você se sente dentro do carro. Então não é gratuito”, ele diz, terminando com uma ameaça: “E se dermos certo, vamos ter vários filmes em 3D aí”.

Luiz Fernando Guimarães, que faz o malandro de coração bom, não consegue repetir seus grandes momentos de humor, apesar de uma ou outra vez conseguir provocar risadas pela dicção ou olhar. “O João é um cara bom, e eu nunca tinha feito um cara bom. Sempre faço o sacana. Mas esse é um filme da Disney, sem sacanagem. Se bem que podia ter sacanagem num filme da Disney… Não… (risos) Mas pensando no público, eles vão ver um Luiz Fernando diferente”.

Já Reynaldo Gianecchini parece ter sido atraído pela trama sentimental por trás da comédia. “Adorei ajudar a contar essa história. Um pai que mesmo errando, ele acerta. Isso é muito bonito”, disse o ator em relação à jornada de João ao lado do filho. Mas o problema é que “Se Puder… Dirija!” não dá espaço para nenhum tipo de envolvimento emocional, é tudo jogado sem cuidado, do 3D às piadas, passando pelas atuações, trilha sonora, diálogo. Fica até difícil de entender como uma comédia de erros sem graça e sem emoção atraiu tantos rostos conhecidos. “Esse filme, quando aceitei, não tinha nem lido o roteiro”, completa Gianecchini. Tá explicado.


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