Deus da coca.
Michael Corleone está sentado em uma mesa de restaurante acompanhado do chefe de polÃcia McCluskey e do mafioso Sollozzo, rival de sua famÃlia. Enquanto os dois comem e conversam, Michael está imerso em seus pensamentos, com a expressão tensa. Rapidamente ele se levanta e atira nos dois, cumprindo sua missão no jantar. A intensidade da cena de “O Poderoso Chefão†pôs fim à s desconfianças dos produtores com aquele desconhecido ator baixinho, alvo de risos no set. A cena chave para o personagem foi também a responsável por mudar a vida de seu intérprete.
Filho de sicilianos, Alfredo James Pacino nasceu no Bronx em 1940 e tinha apenas 2 anos de idade quando o pai abandonou a famÃlia. Acabou sendo criado pela mãe e uma tia surda, para a qual fazia mÃmica dos personagens que via no cinema. O talento precoce o levou para a escola de arte dramática, que foi obrigado a largar para ajudar a famÃlia. Pacino foi faxineiro, mensageiro de banco, lanterninha e até vendedor de cachorros para cegos.
Aos 17 anos, com a morte da mãe, abandonou a escola e investiu na vida de ator em peças off-Broadway, até conquistar um Tony no final dos anos 60. Preferido do diretor Francis Ford Copolla, bateu nomes como Robert Redford, Warren Beatty e Jack Nicholson para estrelar a premiada saga dos Corleone. A partir daÃ, emendou uma série de neoclássicos do cinema, como “Serpicoâ€, “Um Dia de Cãoâ€, “Scarface†e as continuações de “O Poderoso Chefãoâ€.
Em meados da década de 80, fez uma série de fracassos como “Parceiros da Noite†e “Revolução†que o levaram ao fundo do poço profissional e pessoal. Iniciou um processo autodestrutivo regado a drogas e muita bebedeira, resultando num exÃlio de quatro anos. Por insistência dos amigos passou a freqüentar os Alcoólicos Anônimos e deu a volta por cima com o policial “VÃtimas de uma Paixãoâ€, de 1989. Após sete indicações, o Oscar de melhor ator veio em 1992 pelo filme “Perfume de Mulherâ€, com gosto de prêmio pelo conjunto da obra - afinal possuÃa atuações superiores a essa, especialmente em “O Poderoso Chefão – parte 2†e “Um Dia de Cãoâ€.
Apesar dos crÃticos que fazem cara feia para seus maneirismos e de sua fama de difÃcil nos sets de filmagem, Pacino continua, e muito, na ativa.
Javier Bardém já disse que não acredita em Deus, acredita em Al Pacino. E Marlon Brando o considerava o melhor ator do mundo. E não há como negar que Don Vito Corleone entendia do assunto.
Deus dos narizes avantajados.