Zé Cabaleiro
Com as unhas do mindinho pintadas de vermelho, a vida profissional do cantor e compositor Zeca Baleiro começou a mudar. O maranhense José Ribamar Coelho Santos, comedor compulsivo de balas e doces, ganhou o apelido “Baleiro†nos tempos de faculdade. A paixão pelas guloseimas era tamanha que Zeca teve um loja de doces em São LuÃs, a Fazdocinhá. O nome da bomboniére, retirado de uma cantiga de roda tradicional, já indicava: ele seria “bala†mesmo é no mundo da música.
Ariano do terceiro decanato e cavalo de fogo no horóscopo chinês, Baleiro jura não ser tão crédulo quanto a história das unhas indica. Esclarecerei essa zequice... Por pura chinfra - coisa de quem já se sabe artista – pintou as unhas de vermelho. Logo depois, descobriu através de um amigo a possibilidade de caráter mÃstico nesse gesto, espécie de simpatia para alcançar uma graça. Pintou os mindinhos por brincadeira, mas sempre esperando por um pequeno milagre. E, assim, a ventura começou a melhorar.
Mudou-se para São Paulo em 1991 e morou com Chico César por uns tempos. A participação no Acústico de Gal foi o empurrão necessário; Zeca já tinha discos nas lojas. Tudo isso no ano de 1997, culpa de À flor da Pele e sua beleza de letra, inspirada em Vapor Barato de Macallé e Wally Salomão.
Durante a infância no Maranhão, a farmácia do pai de Zeca serviu de picadeiro para artistas, gente de circo e repentistas, desses que fazem o show e depois passam o chapéu. Por essa mistura “emboladaâ€, José Ribamar não gosta do tropicalismo como rótulo fácil para tudo que é fusão; e nem da caricatura de MPB, a do banquinho e violão. Se show de MPB for isso, Zeca está mais para Heavy Metal do Senhor. Já sacou o caminho de Babylon?? Meu dedinho já está carmim!
Zeca e o esmalte... Nem tão crédulo, só não ousa duvidar de nada