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O aniversário do diabo

Sai capeta!

por Daniel Oliveira e Rodrigo Campanella

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O diabo pode ser o pai do rock. Mas que ele adora dar uma passadinha no cinema também, isso ninguém pode negar. E se Jesus e seus devotos ficam de cabelo em pé com as versões do Senhor que aparecem na tela grande, o coisa ruim não está nem aí.

Pode ser uma criança fofinha, ou nem tanto, um ator consagrado, ou uma adolescente histérica – ele acha é pouco. Se o negócio de Jesus é sofrer, o do Diabo é se divertir – às custas dele mesmo e dos outros.

E se você não está gostando nem um pouco dessa história e quer distância de qualquer coisa com chifres, tridentes ou rabo, siga o velho conselho: mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto. O Pílula Pop apresenta a versão 06-06-06 d'A profecia" e a versão 666 original, para você escolher de qual anticristo gosta mais. Conheça ainda algumas das diversas encarnações do dito cujo em película e planeje suas defesas. E não se esqueça da experiência do nosso amigo João Grilo: um Pai-nosso e uma Ave-Maria para a Compadecida na hora do aperto sempre ajudam.

A Profecia (1976)
A Profecia (2006)

O bebê de Rosemary

Filme de: Roman Polanski

O diabo era: Não sei o quê, não. Pergunta para a Mia Farrow.


Acredite: ela é magrinha, mas o diabo está ali dentro...

Você não vê o diabo em nenhuma cena desse clássico de 1968. Mas que ele está ali, com certeza, ele está. Assisti ao longa pela primeira vez em um sábado à noite, em casa, sozinho. E o idiota ainda inventou de ver de luz apagada. Digamos que eu não sairia do meu quarto depois do filme nem que a Angelina Jolie estivesse na sala ao lado.

O coisa ruim, em “O bebê de Rosemaryâ€, está na paranóia crescente da personagem do título (a mesma Mia Farrow de “A profeciaâ€), que começa a suspeitar que o marido e os vizinhos estão usando sua gravidez para algo não muito....cristão, digamos. Polanski é preciso em criar uma tensão e sugerir que a verdadeira história não está acontecendo em frente às câmeras, mas no seu entorno. Reza a lenda que, à época do lançamento, o público inclinava a cabeça para tentar “ver†o que a vizinha (fora do enquadramento) falava, na seqüência em que pedia o telefone emprestado a Rosemary.

O diretor ainda contou com a ajuda de Anton LaVey, dito fundador da Igreja de Satã, para filmar as cenas de rituais e cânticos ao maldito. A pobre genitora do anticristo sofre alucinações, escuta vozes, é obrigada a tomar uns sucos muito esquisitos que seus algozes fazem, fica raquítica, quase verde e não acha ninguém disposto a ajudar ou mesmo acreditar nela. Pura obra do diabo.

O Exorcista

Filme de: William Friedkin

O diabo era: Uma menininha muito fofinha chamada Reagan


É, é ela mesma.

Clássico dos clássicos com a presença do anjo caído, o único filme de terror indicado ao Oscar prova que é preciso muito mais que um dia 06-06-06 para fazer um filme assustador. Ou vai dizer que você não tremeu de medo quando era adolescente e seus amigos resolveram pegar esse filme para assistir escondido?

Na trama, a pobre Reagan Macneil (Linda Blair), uma garota de seus 10 anos, começa a dar shows de contorcionismo que Madonna nem sonharia em fazer, levitar a cama e falar um pouco grosso demais. Sua mãe, Chris (a sempre ótima Ellen Burstyn), percebe que o negócio é mais que uma crise adolescente e chama os padres Damien (Jason Miller) e Merrin (Max Von Sydow) para cuidar do assunto.

São dois padres e eles são pouco para o diabo d’O exorcistaâ€. O dito cujo xinga, vomita, roda a cabeça e pede para Jesus fazer umas coisas muito feias com Reagan. Ah, além de fazer coisas mais feias ainda com um crucifixo. O terror do filme, de 1973, é acentuado pelo tom realista dos filmes dos anos 60/70 e pela interpretação impressionante da pequena Linda Blair. Reza mais uma lenda que a menina teria sido possuída de verdade após participar do longa. E oito pessoas da equipe morreram inexplicadamente durante a filmagem. Olha o coisa ruim aí outra vez.

Coração Satânico

Filme de: Alan Parker

O diabo era: o Robert DeNiro


DeNiro é Louis Cypher...sacou?

Se o diabo já é mau, imagina em um filme noir, em que todo mundo é ruim por natureza. E pior ainda: se ele for o Robert DeNiro, tiver uma unha enorme e uma barbicha super estranha. Pois é. Mas se bem que tudo que ele apronta com o detetive vivido por Mickey Rourke é bem feito. Como o cara não percebe que um fulano chamado Louis Cypher (!) é, no mínimo, bastante chegado do maldito?

O detetive é Harry Angel (que meigo...), contratado pelo tal Louis para encontrar um sujeito de nome Johnny Favourite. Acontece que as coisas são complicadas, parece que Johnny não quer ser encontrado, e todo mundo com quem Angel conversa a respeito do caso acaba morto.

O cenário é o sul dos EUA (o mesmo de “A chave mestraâ€) e muita galinha preta, encruzilhada e magia negra marcam presença. O coisa ruim aqui é ardiloso, vingativo e cobra suas contas em dia. DeNiro cria um diabo extremamente calmo, manipulador e que demonstra seu poder só de olhar para você. Alan Parker faz do calor e da umidade da Louisiana um reflexo do próprio inferno e Angel vai se queimando aos poucos. Não é lenda nenhuma que esse longa de 1987 foi um dos últimos filmes decentes de Rourke antes de cair em um limbo que só terminaria com “Sin Cityâ€. Chuta que é macumba.

Advogado do diabo

Filme de: Taylor Hackford

O diabo era: Al Pacino (apesar de alguns acreditarem que ele é Deus)


Esse parece mesmo o diabo. Mas ele é Deus.

Se o diabo fosse cool como o Michael Corleone e te fizesse uma proposta irrecusável, você não pensaria alguns minutos em aceitar? O personagem de Keanu Reeves nem titubeia muito. Risco por risco, já é muito arriscado ser casado com uma mulher tão bonita quanto Charlize Theron.

O dublê de ator vive Kevin Lomax, um advogado do interior que nunca perdeu um caso. Ele é convidado pelo poderoso John Milton (Pacino) para trabalhar na “firma de advogados mais poderosa do mundoâ€. É, é assim que eles chamavam naquela época – apesar dos advogados nunca terem enganado ninguém.

O coisa ruim é até legal com Reeves e arruma umas mulheres super bonitas para ele. Se bem que fazer você trair Charlize Theron não é uma coisa boa, né? O diabo de Pacino é sedutor, charmoso e tentação é a sua especialidade. E nada das crises morais de Michael Corleone – o cara é mau e está muito satisfeito com isso.

Reza a lenda que “O advogado do diabo†fez mais sucesso no Brasil que nos EUA. Em 1997, quando o filme foi lançado, eu trabalhava em locadora e posso confirmar. E depois a galera fica rezando com medo do dito cujo! E não é lenda que o filme que o exagerado diretor Taylor Hackford (Ray) fez depois desse foi “Prova de vida†– teve que agüentar Russell Crowe, Meg Ryan e o que é pior: os dois juntos. Olha ele aí de novo...

O exorcismo de Emily Rose

Filme de: Scott Derrickson

O diabo era: a própria Emily Rose


Bem na hora do 'Sai, capeta!'

Ok, grande parte dos personagens desse filme duvidam de que o que aconteceu com a tal Emily foi coisa do diabo. Mas eu prefiro não me arriscar, vi as caras estranhas que ela fez e não ponho a minha mão no fogo.

O longa do quase-estreante Scott Derrickson é baseado em uma história real, acontecida na Alemanha. Um padre (Tom Wilkinson) foi acusado criminalmente por negligência, ao não prestar socorro médico a uma garota que morreu enquanto ele tentava exorcizá-la. No longa, ele é defendido pela cética Erin Brunner (Laura Linney) que, aos poucos, começa a estremecer frente aos estranhos fenômenos que lhe acontecem durante o caso.

O demônio do filme é primo-irmão daquele d’O exorcista†e prestou bastante atenção às traquinagens de Reagan. Não faz tão bonito quanto, mas não chega a fazer feio. A pobre Emily Rose se contorce, levita na cama, chega em frente ao altar da igreja e quase se dobra ao meio. E olha que a menina era cristã praticante. Muita gente deve ter passado a acordar às 3h da manhã após assistir ao longa, com medo da hora em que o coisa ruim costuma aparecer.

E se é que o diabo continua entre nós, Jennifer Carpenter, que interpreta a personagem do título ainda não foi convidada para fazer mais nada depois do filme. Vamos nos juntar a ela e gritar bem alto, só para garantir: Sai, capeta!

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