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O cinema nos tempos da febre

1ª Mostra de Cinema de Ouro Preto - 14 a 17/06/2006

por Rodrigo Ortega e Daniel Oliveira

Fotos: Leonardo Lara - Divulgação

É pública e notória a queda de público nas salas de cinema durante a Copa do Mundo. Mas não tem jeito: mineiro não pode ver uma cidade histórica, um telão no meio da praça e – ouvidos e olhinhos brilham – a expressão “de graçaâ€. E olhe que nem é só mineiro - aparece gente de tudo quanto é estado pelas bandas de Tiradentes, durante a Mostra de Cinema. E agora Ouro Preto também quer tirar uma lasquinha, com a 1ª Mostra de Cinema de Ouro Preto. Seria festival de cinema o novo carnaval das cidades históricas? Divagações à parte, não é só porque a programação foi intensa que a febre futebolística abandonou o espírito dos participantes do festival.


"Intervalo Clandestino" na Praça Tiradentes

Quinta 15/06

No dia da estréia da mostra, quarta-feira, não houve surpresas. Alemanha e Espanha confirmaram o favoritismo; Tunísia e Arábia confirmaram o não-favoritismo. A cerimônia de abertura não foi tão pirotécnica quanto a da Copa do Mundo, mas também homenageou os jogadores do passado. A única exibição do dia foi “Macunaímaâ€, de Joaquim Pedro de Andrade. O filme começou às 23h e na saída já era quinta, o dia mais bacana da mostra.

A quinta-feira foi do Equador: uma seleção diferente e simpática, que teve mais facilidade que a Alemanha para ganhar da Polônia e começou o dia da Copa com um três a zero sobre a Costa Rica. Simpáticos como Lírio Ferreira e seu “Ãrido Movieâ€, que estariam no topo da bolsa de apostas se a mostra fosse competitiva. Uma seleção mais tradicional foi Vestido de Noiva, adaptação do texto de Nelson Rodrigues. Além disso, vitórias magras da Inglaterra e da Suécia, curtas repetidos da última Mostra de Tiradentes, mais um filme-homenagem a Joaquim Pedro de Andrade, “Os Inconfidentesâ€, e mostrinha para as crianças, com o “Cine Gibi†da Turma da Mônica. O moço da pipoca agradeceu.

Jogo: Equador 3 X 0 Costa Rica

Textos: Ãrido Movie

Ressonância com Lírio Ferreira

Vestido de Noiva

Ressonância com Joffre Rodrigues


Lírio é doidasso como seus filmes

Sexta 16/06

Uma sensacional vitória de seis a zero, muitos curtas e dois filmes esperados. Era para ter sido ótimo, mas a goleada foi da Argentina, grande parte dos curtas também foi repetida de Tiradentes e os dois filmes passaram na mesma hora. “Achados e Perdidosâ€, de José Joffily, às 20:30 no Cine Vila-Rica, e “Intervalo Clandestinoâ€, de Eryk Rocha, às 21h na Praça Tiradentes, foi tão desorganizado quanto Holanda e Argentina no mesmo grupo.

A carinha de Antônio Fagundes no pôster de “Achados e Perdidos†dizia que não era a última chance de vê-lo, então me sentei na cadeira da praça para ver o documentário “Intervalo Clandestinoâ€. O frio, a cadeira molhada e o DVD arranhado criaram um clima de derrota. Não chegou ao tédio do zero a zero de México e Angola. Ficou na quase-surpresa da Costa do Marfim contra a Holanda.

Jogo: Holanda 2 X 1 Costa do Marfim

Textos: Intervalo Clandestino

Ressonância com Eryk Rocha


Cena de "O grilo feliz": a programação infantil bombou

Sábado 17/06

No sábado houve dois resultados inesperados: a vitória de Gana sobre a República Tcheca, que havia jogado tão bem contra os EUA; e o empate entre essa última seleção e a Itália. Mas o gostinho no festival foi do óbvio: a vitória de Portugal sobre o inexpressivo Irã. Nada de muito inesperado aconteceu. Ouro Preto encheu mais devido ao fim de semana. A programação infantil se intensificou para a criançada pré-férias – acreditam que eu perdi “Os Xeretas� Quando eu vou ter chance de ver isso de novo? Os gritos de Marina Machado (por que ela parece cantar sempre um tom acima do seu?) irritaram os presentes no último show da mostra. E dois cartazes de “O Código Da Vinci†esperavam para expulsar os filmes nacionais das salas do Cine Vila Rica assim que a Mostra acabasse.

Por sua vez, colocar “Wood & Stock: sexo, orégano e rock’n’rollâ€, um dos melhores filmes exibidos, na última sessão do festival – quando todos já estão esgotados – pareceu idéia de português. Esse editor se sentiu quase um cinéfilo fã de cinema iraniano, ao assistir a três longas e meio em um dia. Conte comigo: metade de “3 irmãos de sangueâ€, sobre os heróicos e sofridos Henfil, Betinho e Chico Mário que, segundo esse documentário “institucionalâ€, eram brasileiros e não desistiam nunca; o belo “O padre e a moçaâ€, longa realizado pelo homenageado Joaquim Pedro de Andrade (Macunaíma) em 1965; o parcial e comovente “Dia de festaâ€, de Toni Venturi; fechando com o citado “Wood & Stock...â€. Nem porque era o resultado previsto deixou de ser divertido.

Jogo: Portugal 2 X 0 Irã

Textos: Wood & Stock: sexo, orégano e rock’n’roll

Dia de Festa

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