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Boas novas do rock sem voz

Mordeorabo ao vivo – A Obra, Belo Horizonte, 03/08/06

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por Braulio Lorentz
(texto e fotos)


Bruno e Max procuram algo que caiu no chão

Todas as sacadas possíveis já foram utilizadas pelo Pílula Pop para comentar a ausência de vocalista na banda mineira Mordeorabo. Já entrevistamos os rapazes quando eles ainda eram um trio e também colocamos os caras para participações em nosso programa de rádio. Nessas ocasiões falamos que a banda fazia rock mudo, que a platéia não costumava cantar as canções nos shows etc.

Tamanha atenção dada ao agora quarteto nos deixou um pouco desarmados. Para aumentar a falta de munição, chegamos na hora exata do concerto de abertura, comandado pelo Ballet. A banda de Belo Horizonte é outra adepta do rock instrumental ou do regressive rock, segundo definição dos próprios.

Saí de casa sabendo que não ouviria sons com vocal naquela noite de quinta-feira. Quando o Mordeorabo entrou em ação, já estava meio que “vacinado†ou “iniciado†pelo Ballet. O baterista Pedro Hamdan não acha que o fator instrumental faz tanta diferença. “O que costuma acontecer é a gente se animar com um show tão animado quanto o do Ballet. Um clima muito bom paira no arâ€, descreve em entrevista pós-show.


Pedro reflete e Raphael veste Mono

Só faltou uma plaquinha na porta d'A Obra com os dizeres “Vocalista não entraâ€. Hmm, pensando bem, seria melhor: “Vocalista só entra se for para atacar de DJâ€. Quando desci as escadas d'A Obra, em direção ao bar-casa de shows-porão, escutei o som do DJ monno emudecer ao mesmo tempo em que o barulho ao vivo começava. O vocalista da banda mineira de mesmo nome é DJ nas horas vagas e o parênteses dele diz que o cara toca: (rock e indies).

Os shows dos dois grupos com propostas musicais bem semelhantes duraram algo próximo de uma hora e meia. Mas pareceram durar ainda menos. Com certeza tive a impressão de que aqueles 90 minutos foram mais rápidos do que os do jogo Fortaleza 0 X Palmeiras 0, que assisti na TV no fim de semana após o show.

Era uma noite de novidades, já que pela primeira vez conferiria a versão em cores das novas composições de Pedro, dos guitarristas Bruno Corrêa e Raphael Righi e do baixista Max Duarte.


Bem que eu tentei enquadrar toda a banda... Foi mal, Bruno...

Max, dentre os mudos em palco, é o membro mais falante do Mordeorabo. Em “Birutinhaâ€, homenagem a um personagem do filme iraniano “Filhos do Paraísoâ€, ele parou de tocar seu baixo para pedir palmas da platéia. Depois levou a paleta à boca e olhou quase que um por um com uma simpática cara de “Aaaaah... Bate palma vai... Isso é divertido...â€. Poucos negaram o pedido.

Dentre as novas faixas, “Ninguém se despediu do casal gay†foi a única apresentada pelo porta-voz Max. Mas não foi a primeira vez que a platéia ouviu a parte cantada da canção. “Na verdade a gente nunca experimentou cantar e tocar ao mesmo tempo, microfone ligado no estúdio continua como lenda!â€, brinca Pedro.

Outra boa nova do Mordeorabo, pelo menos para mim que ainda não havia visto a mudança na prática, foi a saída de um dos baixos e a entrada da guitarra-barítono. “A idéia do baixo-duplo no fim das contas não fazia tanta diferença em shows onde a definição do som não é tão... definidaâ€, conta Pedro. “Já a guitarra-barítono, que seria uma espécie de híbrido, fruto do amor de uma guitarra e um baixo, passeia melhor entre os outros instrumentosâ€, explica o baterista. “Ela tem um outro timbre maneiro que vai bem com o resto da turmaâ€, arremata. A turma de timbres agradou a turma de pessoas.

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