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Platéia nas mãos, véu na cabeça e refrões nas bocas

Yeah Yeah Yeahs ao vivo – Festival Pukkelpop, Bélgica, 19/08/06

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por Suellen Dias

Fotos: Divulgação

É verão no hemisfério norte e os sortudos europeus vêem pipocar por todo canto festivais gigantescos, com line-ups de fazer qualquer indie brasileiro querer vender o rim. Na Bélgica, o Pukkelpop trouxe mais de 170 bandas entre os dias 17 e 19 de agosto, e a gente foi lá conferir o show do Yeah Yeah Yeahs, que em outubro vem dar os ares da graça aqui no Brasil.


O véu de Karen O

Karen O, a estilosa vocalista de olhos puxados, apareceu no palco com um ar meio tímido, vestindo maiô e meia-calça, à la “dancing days”. Ou como Madonna em “Hung Up”, para uma referência do século XXI. Enrolada num reluzente véu bonina, a cantora sussurra os primeiros versos de “Turn Into”, com pinta de santa. Mas a pose de boa menina se desfaz assim que a guitarra de Nick Zinner e a bateria de Brian Chase passam das preliminares e começam a descarregar toda a energia do som da banda nova-iorquina.

O trio fez uma apresentação de pura simpatia, boa música e... preparo físico. Era impressionante. Karen rolava no chão, fazia acrobacias quase olímpicas e inventava coreografias pouco inocentes jogando os microfones (sim, eram dois) para todos os lados. Enrolava-se nos fios e preocupava os técnicos de apoio, que a cada dois minutos eram obrigados a correr ao palco para impedir que o entusiasmo da cantora acabasse em acidentes.

As versões ao vivo não trouxeram inovações em relação às dos CDs, o que não foi um problema. A banda tem um som bem produzido no estúdio e bem reproduzido no palco. Portanto, nada a reclamar. Num tempo relativamente pequeno (por volta de 50 minutos), a banda despejou um setlist que juntou o “choque” de Fever To Tell (2003) e a qualidade amadurecida de Show Your Bones (2006).


O alongamento de Karen O

Com versatilidade, os Yeah Yeah Yeahs tinham a platéia nas mãos. Considerem aqui, as vinte primeiras filas, porque não deu pra ver o resto. Numa hora, o público era só gritos e moshs (ápice: refrões de “Pin” e “Y control”). Em outra, a platéia construía um coral de snif-snif’s disfarçados e vozes roucas acompanhando Karen nas baladas “Warrior” e “Maps”.

Esta última foi dedicada às esposas/namoradas dos outros integrantes da banda, ao grupo TV On The Radio, que fez um show impressionante na noite anterior, e aos fãs. O pessoal agradeceu a homenagem cantando os versos “Wait, they don’t love like I love you”, estampados em 80% das camisetas dos seres que se espremiam nas primeiras filas. Foi este, com certeza, o momento mais bonito do show.

Diante de um público que, em sua maioria, assiste a grandes shows de rock com menos entusiasmo que a um jogo de xadrez, o YYY’s foi bem. A maior parte do público ficou com braços descruzados e sem cara de blasé. A banda teve o mérito de conseguir mexer, e mexer bem, a morníssima platéia do Pukkelpop – privilégio que a grande maioria dos grupos do festival não alcançou. Esse véu de Karen faz milagres...

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