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O diabinho ao pé-de-ouvido

Sete filmes de menina com seus pecados e delícias

por Marcela Gonzáles

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Atire o primeiro pó-de-arroz quem nunca se pegou gostando de um filminho de menina, ou os chamados girlie movies. Clichês, adolescentes e românticos demais, a figura central da trama é uma menina com um amor (quase) impossível e que ainda tem que agüentar meninas más da escola, pai ultra-conservador, sociedade preconceituosa ou uma chefe chata e pedante, como é o caso do recente O Diabo Veste Prada, com Anne Hathaway e Meryl Streep, no papel do tinhoso de saia Versace e sapatos Jimmy Choo. O Pílula listou sete filmes de meninas, bobinhos ou aclamados, que geralmente são do tipo ‘ame ou odeie’. Apontamos ainda o demônio escondido em cada um deles, capaz de agradar quem é fã ou inimigo do gênero. Um verdadeiro guilty pleasure. É só começar e pecar.


Dez Coisas Que Eu Odeio Em Você

(10 Things I Hate About You, 1999), de Gil Junger

Um dos preferidos de dez entre dez garotas que gostam de teen movies. Difícil não se identificar com Kat Stratford e toda a sua atitude “angry girl music of the indie rock persuasionâ€. É um filme bobo, clichê e definitivamente ‘ame ou odeie’, mas que conquistou uma geração de fãs do gênero, inclusive esta que vos escreve, além de ter catapultado Julia Stiles e Heath Ledger para o seletivo estrelato hollywoodiano.

O diabinho ao pé-de-ouvido: É a versão teen do clássico shakespeareano “A Megera Domadaâ€, com trilha sonora bacanuda contendo Cardigans, Save Ferris e Letters to Cleo. Vale a pena - se você curte teen movie (nunca é demais repetir).

Meninas Malvadas

(Mean Girls, 2004), de Mark Waters


Nem sempre é a boazinha que tem cara de boba...

Filme adolescente que se preze tem colegial (high school, nos EUA), nerds e patricinhas, além do bonitão que joga no time de futebol e namora a cheerleader, geralmente a menina mais linda da escola e que ganha o título de rainha do baile. “Meninas Malvadas†não poderia ser diferente. Também impulsionou Rachel McAdams (Vôo Noturno) ao posto de queridinha de Hollywood e trouxe holofotes extras para Lindsay Lohan (Uma Sexta-feira Muito Louca).

O diabinho ao pé-de-ouvido: O roteiro é assinado por ninguém menos que Tina Fey, da trupe do “Saturday Night Liveâ€, mostrando justamente o lado mau de todas, sim, TODAS as meninas, sejam elas as “boazinhas†ou não, e o quanto há de rivalidade entre mulheres. Daí, você já espera um filme bacana.

Sabrina

(Sabrina, 1954), de Billy Wilder

Ok, Sabrina não é bobo. Mas é girlie movie. Outra versão, de Sydney Pollack, foi lançada em 1995, com Julia Ormond (Lendas da Paixão) e Harrison Ford, mas não teve tanto sucesso quanto a primeira, óbvio. A história do playboy que se envolve com a filha do chofer e depois a perde para seu irmão sério e super comportado, é bem próxima das muitas historinhas de Cinderela comuns nos filmes de meninas.

O diabinho ao pé-de-ouvido: Audrey Hepburn, Humphrey Bogard e William Holden. Só com isso a gente já podia praticamente obrigar alguém a assistir. E tem também a direção de Billy Wilder, monstro sagrado do cinema. Além de ser um clássico. Pecado é não assistir.

Procura-se Amy

(Chasing Amy, 1997), de Kevin Smith

Filme de menina onde a menina gosta de meninas, mas se apaixona por menino, que se interessa pela menina sem saber que ela gosta de meninas e a deixa confusa porque está apaixonada por menino. É mais ou menos isso que este filme do mesmo criador de “Barrados no Shopping†e “Dogma†conta. O desenhista (Ben Affleck) se apaixona por uma lésbica (Joey Lauren Adams) e tem que viver com o fato de que a menina gosta de meninas. Mas não vá pensando que o filme é sobre o Affleck. É sobre a Amy do título, que não é o Affleck. Super fofo e cool também.

O diabinho ao pé-de-ouvido: Tem o ótimo Jason Lee (Quase Famosos) no elenco, além de participação de Matt Damon. Mas o melhor é mostrar o começo da carreira, nos quadrinhos, dos personagens Jay e Bob Silencioso, criados pelo próprio Smith e presentes em quase todos os filmes do diretor. E Kevin Smith é muito bacana, vai.

Legalmente Loira

(Legally Blonde, 2001), de Robert Luketic


Clap Your Hands Say Pink

Um teen movie que surpreendeu muita gente. “Legalmente Loira†chegou com pinta de filminho sobre a futilidade e o mundinho fashion, bem como “O Diabo Veste Pradaâ€, mas abocanhou público por onde passou e transformou Reese Witherspoon em celebridade, com direito a indicação no Globo de Ouro e tudo o mais. A continuação foi um fiasco.

O diabinho ao pé-de-ouvido: O filme é uma irônica defesa às loiras e a todos os clichês que as pobre-coitadas sofrem, o que já garante boas risadas. A performance de Reese é boa, com bastante espaço para o humor, e consagrou Elle Woods – a personagem – rainha das patricinhas. Boas tiradas e a moral “Abaixo o Preconceito†de que toda loira é burra são bons motivos pra assistir a esse filme.

As Patricinhas de Bervely Hills

(Clueless, 1995), de Amy Heckerling

Antes de “Legalmente Loiraâ€, outra loirinha já arrancava suspiros dos meninos e idolatria das meninas enquanto falava de Calvin Klein e Versace: Alicia Silverstone. O filme é o grande encontro de toda preocupação e futilidade relacionada a roupas, festas, shoppings e dieta. Tudo, leia-se TUDO o que qualquer patricinha que se preze faria, Cher – personagem de Silverstone – faz. Ir às compras quando está deprimida, fazer joguinho com os meninos, ter um modelito super responsável para tirar a licença de motorista, enfim, patricinha com “P†maiúsculo.

O diabinho ao pé-de-ouvido: As situações são engraçadas, os modelitos – da época, diga-se de passagem – eram o que tinha de mais fashion. Só que no caso da Cher e suas amigas, todas eram politicamente corretas e não faziam mal a ninguém, como é típico nesses filmes. Bom mesmo é ver a futilidade em seu estágio-mor, rir disso e até se identificar (sim, eu confesso!), além da trilha sonora que traz até Radiohead.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

(Le Fabuleux Destin D’Amélie Poulain, 2001), de Jean-Pierre Jeunet


Poulain: de conto-de-fadas e de doido, todo mundo...

Girlie Movie sim. Mas longe de ser bobo. Porque a gente é mulherzinha, mas é politizada também. Amélie é coisa linda e bem dirigida e tão doce que provoca até dor-de-dente. Esse, até os meninos adoram. Entre as meninas, algumas idolatram, outras copiam o estilo e uma porção apenas a considera linda ou queria ser tão sonhadora quanto a mocinha. Audrey Tautou chegou ao estrelado em “O Código Da Vinciâ€, provavelmente graças a esse filme e sua repercussão mundial. Foi indicado a cinco Oscar, mesmo não tendo levado nenhuma estatueta para a França.

O diabinho ao pé-de-ouvido: Demorei a assistir, confesso. A mídia em torno do filme foi tanta que eu torci o nariz mesmo, assim como muita gente também deve ter feito. Mas Amélie tem um poder tão mágico que cerca o espectador e ele se rende. E é assim mesmo. É assistir para entender o porquê. E você jamais vai pro inferno por isso.

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