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Não cabia mais ninguém

Móveis Coloniais de Acaju ao vivo – A Obra, Belo Horizonte, 25/01/07

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por Braulio Lorentz (texto e fotos)

Oito anos depois de começar a alimentar os habitantes do Distrito Federal com “feijoada búlgaraâ€, finalmente a Móveis Coloniais de Acaju tocou pela primeira vez em Belo Horizonte. Antes que alguém deixe um comentário perguntado o porquê da expressão, ela nada mais é do que um rótulo dado pelos próprios membros numa referência à fartura de sonoridades, incluindo as da Europa Oriental.

Não há como não escapar do clichê. Narrar a estréia em BH da banda brasiliense de nome gigante e não citar a falta de espaço no palco seria errado de minha parte. Mais gigante do que o nome é a formação do conjunto: André Gonzáles (voz), BC (guitarra), Beto Mejía (flauta transversal), Eduardo Borém (teclados), Esdras Nogueira (sax barítono), Fabio Pedroza (baixo), Leonardo Bursztyn (guitarra), Paulo Rogério (sax tenor), Renato Rojas (bateria) e Xande Bursztyn (trombone). Acompanhados de mais quatro integrantes (entre motoristas e produtores), a equipe do Móveis viajou à capital mineira antes de aportar no Rio de Janeiro, onde fecharia o festival Humaitá pra Peixe na companhia do Turbo Trio.


O pulo do vocalista André

No minúsculo palco d’A Obra, os dez integrantes do grupo apresentaram canções de seu disco de estréia, chamado Idem e lançado no meio de 2005. “Copacabanaâ€, “Seria o Rolex?†e “Esquilo Não Samba†já haviam sido ouvidas por mim no Curitiba Rock Festival do mesmo 2005, quando meu humor não estava tão lá nas alturas assim. Na última quinta-feira do primeiro mês de 2007, o show foi quase o mesmo, mas meu humor estava um bocado diferente.

Canções próprias foram acompanhadas das versões de “Glory Boxâ€, do Portishead e “Take me Outâ€, do Franz Ferdinand. Os dois hits indies combinavam mais com o set do DJ Monno (aka Bruno Miari), que sempre é visto tocando e cantando no palco da mesm’A Obra onde ataca de disque-jóquei.


Preparem-se para abaixar, que o trombone vem aí

A banda do DJ, Monno, e o pessoal que tocou antes do Móveis, Esquadrão Relâmpago: Monster Surf não convivem com o mesmo aperto da grande banda brasiliense. Ao som de um cruzamento de rock, ska, samba, letras com temática nonsense e ritmos do leste europeu, os dez rapazes se desdobravam para não topar um com o outro. Dentre muitas trombadas, uma sobressaiu. Por pouco o vocalista não perdeu um dente ao ser atingido pelo baixista, que muito provavelmente estava desviando do irrequieto trombonista. Reações em cadeia eram notáveis não apenas no palco, mas sobretudo na platéia.

Nas músicas mais agitadas, até quem não gosta de mosh era obrigado a entrar no empurra-empurra coletivo. A roda de pogo tamanho família de várias canções só não superou a já tradicional roda de balalaika do fim de show, com o trio de metais se misturando ao público e ocupando o centro do bar. De resto, é difícil descrever o showzaço destes moços. Não perca a oportunidade de vê-los em ação e não desconfie de quem aponta o concerto da Móveis como um dos melhores do Brasil. É difícil afirmar. Mas que é, é.

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