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Duas quintas seguidas com Beto Só e Faichecleres, ou “Isso são horas, menino?â€

por Rodrigo Ortega

Fotos: Daniel Madsen


Beto, o dono das músicas bonitas

Posso começar a resenha com a carta do Senhor F, apesar de que este não é exatamente o início ou o fato mais antigo aqui. Mas é um bom começo dizer que recebi há dois meses uma carta de Brasília, do Senhor F Discos, com o CD do Beto Só, Lançando Sinais. As canções bonitas animaram algumas das tediosas viagens diárias à universidade.

Shows em Belo Horizonte do Beto Só e do Phonopop, outra banda legal de Brasília, seriam uma notícia perfeita, exceto pelas datas: 28 e 29 de setembro, quarta e quinta-feira. Não vi o Phonopop na quarta. Esperar sozinho por um show que não terminaria antes de três da manhã não me empolgou muito. A diferença na quinta era que eu já tinha um título pronto para a resenha: “Ortega Sóâ€. Seria a primeira “Noite Senhor F†em Belo Horizonte. Encontrei alguns amigos no bar perto d’A Obra, local do show. Perdi o título.

O bom foi que eu não esperei sozinho. Tomei algumas cervejas enquanto o baterista da banda de abertura, o Cinza, se esforçava para lidar com as baquetas e controlar as programações do teclado ao mesmo tempo. Tadinho. Um gole em solidariedade. Já estava bem mais feliz quando o Beto Só começou a tocar. As músicas estavam na mesma ordem do CD, o que foi um pouco triste por me lembrar da tediosa viagem dali a poucas horas. Mas as músicas bonitas “Meus Olhosâ€, “Meu amor quem foi?†e “Me faz feliz†me fizeram feliz.

O guitarrista Ju, o mesmo do Phonopop, ajudava a fazer as canções soarem tão bem quanto no disco. Só não me ajudou a levantar no dia seguinte, nem a descobrir porque bandas novas bacanas não conseguem tocar na sexta ou sábado em BH. Hipótese 1: belorizontinos não estão ligando muito pra shows. Hipótese 2: os donos das casas não deixam.

Faichecleres e o Lado B

por Rodrigo Ortega

Fotos: Divulgação


Giovanni, Tuba e Marcos

“Me deixa ser o teu rock’n roll / Marca meu corpo com o teu batom / Me deixa ver teu lado Bâ€. Sei que passo longe do que os sem-vergonha Faichecleres queriam dizer na música “Lado Bâ€, mas quando via a banda tocá-la, na quinta-feira, 5 de outubro, em BH, não pude pensar em outra coisa senão no homônimo programa de clipes da MTV Brasil.

Explico: costumava adentrar as madrugadas de quinta, no segundo grau, para ver a VJ Soninha apresentar vídeos do Teenage Fanclub ou do Sonic Youth. Nunca entendi porque o programa não tinha um horário melhor, e minha mãe nunca entendeu porque eu não programava o videocassete e ia dormir. Enfim, eu não aprendi.

“Lado Bâ€, a música, é uma das faixas de Indecente, Imoral e Sem-vergonha, primeiro álbum da banda curitibana. O baixista e vocalista Giovanni, o guitarrista Marcos, e principalmente o baterista Tuba chamam atenção na cena independente com rock sessentista e atitudes sem-noção.

Tudo começou com uma mensagem no celular: “Faichecleres na Obra hoje. Já pode começar a beber?â€. A informação mais importante que tinha até então era que eles tocaram só de fraldas e gravatas no Curitiba Pop Festival de 2003. Eles também são Banda Antes da MTV, o que pode ser mais importante, mas não mais legal. A bebida foi suficiente para ajudar nos gritos de “Ei, Tuba, vai tomar no cuâ€, que parece ser uma saudação tradicional ao transloucado baterista.

Foi tudo menos bagunçado e mais recompensador do que esperava. “Ela só quer me terâ€, “Aninha sem tesão†e “Metida Demais†são clássicos instantâneos do cancioneiro nacional, começando pelo meu Winamp. Os gritos de Tuba e a classe de Giovanni se completam. Quase não consigo acreditar no quanto é boa “Alice Dâ€, música que nem está no disco dos caras. Minutos depois eu estava saindo às pressas do local, com medo daqueles desocupados que cantavam The Who às quatro da matina de uma quinta-feira. Era o início do bom e velho mau-humor de manhã de sexta.

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