Muito longe para se tirar fotos, mas esta até que ficou bonitinha...
- Qual é o esquema da pulseirinha de imprensa?
- Vocês podem entrar e tirar fotos...
- Tem acesso ao espaço entre o palco e a grade, nas duas primeiras músicas?
- Não, não. Mas vocês podem ficar onde quiserem na pista e tirar fotos em todas as músicas!
Esqueceram de avisar que outras centenas de fãs com máquina fotográfica também podiam. E não eram fãs de uma banda comum, eram os fãs de uma seita das mais fiéis no pop rock nacional. Eles usavam camisas dos Hermanos “feitas em casaâ€, possivelmente para aquele show-ritual, e estavam com as canções na ponta da lÃngua.
A celebração daquele dia 22 de outubro, no Chevrolet Hall, marcava a estréia da turnê do disco 4 em Belo Horizonte. Mas algumas músicas já habitavam o repertório da banda carioca quando ela esteve em BH no fim de julho deste ano. O que foi o primeiro show-ritual para alguns, dava indÃcios de ser o show de libertação para outros.
Camelo e Amarante: todas as músicas do novo disco foram tocadas
- Vamos dançar?
- Não, não...
- Mas a gente tinha combinado de dançar quando tocasse “Paquetáâ€!
- Essa é “Condicionalâ€.
- Ah é! Deixa eu ouvir... Essa é boa!
(Confundir uma música do Los Hermanos é i m p e r d o á v e l!)
Como todas as religiões e legiões têm seus dogmas, neste caso não poderia ser diferente. O Los Hermanos mantém a seguinte lógica, desde o segundo disco, Bloco do Eu Sozinho, para abrir e fechar seus shows.
A música que abre a turnê do disco anterior passa a fechar a do seguinte. Nos tempos de Bloco, “A flor†era a escolhida para começar todas as apresentações e passou, na temporada do CD Ventura, a ser o suspiro final dos shows. “O Vencedorâ€, que começava os rituais do terceiro disco, virou a última canção da turnê do 4.
Amarante com cara de “cadê todo mundo?â€
- Era bem melhor quando “A Flor†e “O Vencedor†abriam né?
- Nossa, bota melhor nisso.
- “Dois Barcos†é a pior do CD.
- É. Ela é difÃcil mesmo...
(Tsc, tsc, tsc. Como assim não gostar da canção de abertura?)
Como nas temporadas anteriores, a canção inicial da vez ficou incumbida de concentrar a parte mais ensurdecedora. Apontar que tamanha reação aconteceu durante “Dois Barcosâ€, canção que também abre o novo disco, soa como uma piada. Com muito mais potencial para conseguir o status “abre showâ€, “Horizonte Distante†ficou perdida lá pelo meio do setlist. A faixa mais apoteótica do álbum 4 decepcionou e poderia se encaixar muito bem em uma seqüência lenta que ocorreu pouco depois.
“A outraâ€, “Sapato Novoâ€, “Fez-se mar†e “Do sétimo andarâ€, enfileiradas, fizeram valer as cadeiras da arquibancada do ginásio. Importante ressaltar que nessa série era possÃvel ver vários casaizinhos dançando juntos e uma tentativa frustrada de um fã de levantar o tênis (sim, um tênis) em “Sapato Novoâ€. Em “Todo Carnaval tem seu fim†a tradição de jogar confetes e serpentina respirava.
Los Hermanos no apagar das luzes
- Eu já fiz isso uma vez.
- O que?
- Jogar confetes e serpentina. Mas não animo mais.
- Você está envelhecendo.
(Anh? Jogar confetes ou pensar em jogar confetes é indispensável!)
Quase desmaiamos em “Sentimental†(pelo calor, não pela música) e quase brincamos de dançar em “Paquetá†(uns dançavam de verdade, viva a gafieira!). Outras que também mereceram confetes foram “O Ventoâ€, “Retrato pra Iaiaâ€, “Morenaâ€, “Cara Estranho†e “Além do que se vêâ€. As cinco renovaram os abafados ares do recinto.
- Essa música é muito bonita...
- Ahan.
- Qual o nome dela mesmo?
- “Conversa de botas batidasâ€!
(Já é a segunda música que você errou o nome! Está excomungado!)
“Conversa de botas batidas†e as duas últimas foram os pontos altos da celebração. “Quem Sabeâ€, única do disco de estréia no repertório, e “O Vencedorâ€, com direito a virada do microfone em direção à platéia, fecharam o culto.
A camisa de Rodrigo Amarante tem as mesmas listras, Marcelo Camelo dá os mesmos sorrisos e Bruno Medina não muda o semblante da mesma forma. Rodrigo Barba deve continuar na mesma também, embora não possamos ter reparado nesta ocasião. Definitivamente, eles estão mais dos mesmos que nós. Deixa estar.