Ãœber repetido
13.08.09
por Daniel Oliveira
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Brüno
(EUA, 2009)
Dir.: Larry Charles
Elenco: Sacha Baron Cohen, Gustaf Hammersten, Clifford Bañagale, Bono, Chris Martin, Slash, Elton John, Paula Abdul, Snoop Dogg
Princípio Ativo: ofensa e constrangimento
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Se você quer ir ao cinema para ver que norte-americanos são um tanto estúpidos, altamente machistas e bem preconceituosos, opções não têm faltado. De uma maneira estranha, a temporada de blockbusters serve para isso. Você pode ver 90% dos longas em cartaz nos cineplexes...ou pode assistir a “Brünoâ€.
A diferença é que só uma das opções tem um homem sendo atacado com dildos. Ou fotos de uma criança na jacuzzi no meio de uma orgia.
E que, enquanto aqueles filmes retratam o machismo e a estupidez com bombas e testosterona em forma de CGI, Sacha Baron Cohen vai para o extremo oposto do espectro para atingir seus objetivos. Seu Brüno é um gay com caracterÃsticas que existem, sim, em circuitos de moda. Mas, bem mais que isso, é um estereótipo alicerçado nos piores preconceitos conservadores com relação, não só à homossexualidade, mas ao conceito do que é “ser homemâ€. Brüno existe para incomodar – e isso ele faz muito bem.
Pena que não seja o bastante para segurar um longa inteiro. O inÃcio da trama, em que o repórter de moda vai para Hollywood se tornar “o austrÃaco mais famoso desde Hitler†explora um humor batido do culto à s celebridades que até o Saturday Night Live podia fazer. “Brüno†melhora significativamente quando o protagonista decide se “converter†à heterossexualidade. O que Baron Cohen e o diretor Larry Charles procuram ali não é o engraçado, mas o ofensivo e o constrangedor. Não porque gays sejam ofensivos ou constrangedores – e sim porque o preconceito retratado é.
Não posso dizer que resulte num filme excelente. É uma produção bastante irregular, com algumas cenas boas, como a entrevista com pais de ‘atores mirins/escravos’ ou a luta com dildos. E outras que simplesmente não funcionam, como a sequência com Paula Abdul e mesmo o talk show que Brüno produz com seu assistente.
Os melhores momentos continuam sendo aqueles expondo conservadores norte-americanos a um comportamento que eles não querem mostrar que não aceitam. Mas, seja pelo fato de que alguns são claramente combinados (como a sequência no exército), ou por já não serem novidade, eles pareciam funcionar melhor em “Boratâ€. Esperávamos de Sacha Baron Cohen algo tão inesperado e com o frescor do longa anterior. E “Brüno†passa longe disso. Mas se uns três ou cinco machos alfa fãs do repórter cazaque forem assistir a esse novo filme e morrerem de desconforto e constrangimento na sala, já vai ter valido a produção.
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