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Três rappers e uma diva que ainda vão tentar enganar você

31.05.05

por Braulio Lorentz

Black Eyed Peas, Monkey Business

(Universal, 2005)

Top 3: "Gone Going Gone", "Don't Phunk With My Heart" e "My Style"

Princípio Ativo:
Auto-suficiência

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As prateleiras e as paradas aguardavam ansiosamente o novo disco da banda faixa-preta no quesito “expoentes do hip hop rapper-divaâ€. Coincidência ou não, o álbum trampolim da carreira (Elephunk, 2003) foi o primeiro com a vocalista Fergie, a tal diva do quarteto californiano.

Para começo de conversa, o grupo é o único do segmento que é auto-suficiente. Explico: Jennifer Lopez e Thalia precisam dos palavrões rimados do rapper Fat Joe. Na outra extremidade, Sean Paul depende das sutis palavras sussurradas pelas divas Sasha e Beyoncé. E o Black Eyed Peas precisa de alguma coisa? São dois rappers negros, um rapper branco e uma diva ruiva-loira. Participações especiais, como as de Justin Timberlake e Macy Gray, ambas em álbuns anteriores, são um luxo – não uma necessidade.

E a história continua neste Monkey Business. James Brown canta na meia-boca "They Don't Want Music" e Jack Johnson faz o mesmo, só que um pouco mais baixinho, na boa "Gone Going Gone". Timberlake aparece de novo, ao emprestar suas cordas vocais em "My Style".

Mas auto-suficiência está longe de ser sinônimo de qualidade, e Djavan, fora de uma grande gravadora e fora do meu diskman, confirma essa máxima. Medalhões da MPB brasileira como ele têm a ver com o outro diferencial da formação rapper-rapper-rapper-diva.

Nos shows, improvisam sob a base de "Mas que nada", de Jorge Ben Jor. No filme "Be Cool", Travolta e Thurman dançam ao som da versão rap de "How Insensitive", de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, cantada pelos quatro integrantes. Isso com Sérgio Mendes ao piano. "Sexy", música do multiplatinado Elephunk, contém sampler da mesma canção.

Tanta informação engana que é uma beleza. A sonoridade do Black Eyed Peas é quase a mesma quando comparada à de outros nomes da espécie, com direito às repetições. Lembram-se dos "Ow’s" de “Dilemmaâ€, do rapper Nelly e da diva Kelly Rowland? E do barulho de "erro no Windows" repetido durante “Soldierâ€, das divas Destiny Childs e dos rappers Lil Wayne & TI? A letra do primeiro sucesso de Monkey Business, "Don't Phunk With My Heart", vai além, com o vocal feminino repetindo o masculino como no pré-refrão: "I wonder if I take you home/ Would you still be in love, baby (in love, baby)".

Ok, várias das letras são bacanas, politicamente corretas e sem a apelação peculiar ao hip hop das FM´s jovens. A já citada "Gone Going", por exemplo, conta uma historinha com fundo social: "He is a star now, but he ain't singing from the heart/ Sooner or later he's just gonna fall apart" (Ele é uma estrela, mas ele não canta o que vem do coração/ Cedo ou tarde ele vai se dar mal).

Entre tantos rappers (e tantas divas), o Black Eyed Peas se destaca mais por deméritos dos outros do que por suas qualidades. Agora só falta a diva Simony voltar pro rapper Afro X e os dois gravarem juntos uma música.

Rapper, rapper, rapper e a diva: não falta mais nada

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