Busca

»»

Cadastro



»» enviar

Cada vez mais

15.06.05

por Pablo Moreno

Pato Fu – Toda cura para todo mal

(Sony&BMG, 2005)

Top 3: "No aeroporto", "!", "Tudo".

Princípio Ativo:
Pop

receite essa matéria para um amigo

De férias desde 2002, os integrantes do Pato Fu se dedicaram a atividades diversas. Fernanda Takai ao posto de mamãe; John Ulhoa ao de produtor ovacionado; Xande Tamietti ao de baterista de black music; Ricardo Koctus à fotografia e ao Let's Presley, banda cover do rei do rock; e Lulu Camargo a seu novo projeto: O Pato Fu. Sim, o ex-Karnak agora é integrante da banda que lança este Toda cura para todo mal.

Produzido pelo guitarrista John, o Pato Fu parece consolidar o som que construiu ao longo de 13 anos. As loucuras experimentais estão bem mais encaixadas, e soam menos estranhas. A audição do disco reforça o que a turma do Pílula Pop já diz há um bom tempo: o pop é um santo (e o melhor) remédio.

Apesar da essência pop, os contrastes são marcantes. A canção "Anormal" contrapõe o doce piano/cravo à guitarra barulhenta. A combinação conduz o ouvinte ao sorriso. "Amendoim" homenageia o cãozinho Snoopy e "Vida Diet" nos convida a balançar a cabeça.

As esquisitices também estão lá. John incorpora o robô P. Pitch pra falar de fatos corriqueiros na faixa "Simplicidade". "Uh, uh, uh, la, la, la, ié ié", primeiro single do disco, faz a gente lembrar quem Michael Jackson já foi um dia. "Estudar pra quê?" ataca a geração Internet e "O que é isso?" tem uma letra que nos enche de perguntas.

As letras, aliás, são momentos de bastante inspiração. "Sorte Azar" é uma balada cortante. "Agridoce" homenageia Roberto e Erasmo, e serve de trilha sonora para qualquer momento de fossa regado a muitas lágrimas. "Boa Noite, Brasil" traz a participação de Manuela Azevedo, da banda portuguesa Clã. Se você não conhece o som, procure. Vale a pena.

Sem deixar a peteca cair, o auge de Toda cura para todo mal vem em três faixas. "No aeroporto" é um jazz bem executado, com destaque para Ricardo e Xande. A letra irônica e a estética pouco trabalhada pelo Pato Fu dariam um bom videoclipe. Em "!" a banda grava vozes de uma platéia histérica e transforma em instrumento. A levada de indie rock e os gritos distorcidos juntam-se, resultando numa das concepções sonoras mais interessantes do álbum. O terceiro momento de êxtase vem no décimo terceiro petardo, "Tudo". O "bom" e o "ruim" numa melodia que remete a sons indianos servem como trilha pra se ouvir na janela do carro, com o vento batendo no rosto.

Para os críticos simplistas, este é apenas um álbum pop. Mas numa audição mais apurada, são notáveis a grandeza das canções e a riqueza de detalhes. E assim, o Pato Fu continua seu caminho. Com um som cada vez mais elaborado, a banda se estabelece cada vez mais na sua identidade. Ou na falta dela.

A banda, em sua fase rosa, quando ainda era um quarteto

» leia/escreva comentários (2)