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Como nos musicais

01.07.05

por Rodrigo Campanella

Quarteto Fantástico

(Fantastic Four – EUA/2005)

Dir.: Tim Story
Elenco: Jessica Alba, Michael Chiklis, Ioan Gruffudd, Chris Evans, Julian McMahon

Princípio Ativo:
A peteca que não cai

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De repente as pessoas começam a cantar. E a dançar, emendando uma letra irônica sobre suas histórias de amor à rumba que toca ao fundo. Não importa que elas estejam passeando pela rua de maior movimento da cidade. É a regra dos musicais. Ou então, elas repentinamente podem se esticar por vários metros, ficar invisíveis ou saltar de grandes alturas (alturas são um fator importante) sem que o senso de normalidade do resto da humanidade pareça muito abalado. É uma nova regra, ainda que pouca gente tenha se acostumado.

Dizer que Quarteto Fantástico vai receber toneladas de críticas negativas apenas porque leva ao cúmulo a idéia (e algum ridículo) de um filme de super-herói é minimizar a questão. Mesmo porque sua maior referência parece ser a sitcom, a comédia de costumes americana para tv. E o grande problema do filme é que o Sony Entertainment Television existe e é muito, muito melhor no mesmo quesito. O texto e o roteiro tentam equilibrar a ação com situações ‘de família’. Se em inglês o texto consegue apenas manter (muito bem) o ritmo de uma sitcom, em portugês nem isso: a legenda massacra a seqüência das falas, que nem eram tão engraçadas.

Quarteto não é ruim, mas incompleto. Apesar de frouxo por dentro, é muito bem fechado. Apesar de simpático, é canastrão demais. Sem saber acertar o tom entre a comediazinha e a história de ‘supers’, o diretor Tim Story (de Táxi) opta pelo em cima do muro. Cria um time de heróis com atuações sofríveis (Susan Storm? Onde?) mas que, ainda assim, não joga o filme no buraco. Julian McMahon, o médico canalha de Nip/Tuck, ao assumir toda a cafajestagem do Dr. Destino, consegue realmente ser divertido.

É preciso lembrar que o filme foi feito para a moçada que coloca cinema e balde de pipoca como parte natural do passeio de fim-de-semana no shopping, e para namoradinhos que gostam de uma descarga de adrenalina entre um amasso e outro. Nisso, o filme cumpre o que promete, com méritos: conta bem sua historinha, dá boas cambalhotas (Tocha, e outros, saltando de prédios) e enfileira piadinhas infames. Fecha tudo numa embalagem visual e sonora bem cuidada e entrega para o freguês.

E em ser só isso está o maior dos problemas do filme. Com o quesito ‘historinha’ tão bem fechado, o mínimo a fazer era brincar com todas as nuances possíveis de cada personagem e da questão ‘família’, coisa que não acontece. Já que um dos escritores do filme é o mesmo de Hulk e O Justiceiro, a mão do diretor parece mostrar seu peso aqui. Enquanto Ang Lee transformou Hulk de uma aparente bobagem em um jogo narrativo fascinante, Story faz apenas malabarismos. Divertidos, mas que talvez funcionassem bem mais se ele começasse a dirigir jogos de videogame.

“Dois passos pra esquerda, dois pra direita e termina com a pirueta, hein?"

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