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Filme de guerra para crianças

01.08.05

por Daniel Oliveira

Castelo animado

(Hauru no ugoku Shiro / Howl’s moving castle, Japão, 2004)

Dir.: Hayao Miyazaki
Elenco (vozes): Chieko Baisho, Takuyo Kimura, Akihiro Miwa, Tatsuya Gishuin, Ryunosuke Kamiki

Princípio Ativo:
Hayao Miyazaki

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“Era uma vez a jovem e bela Sophie, que trabalhava em uma loja de chapéus com sua mãe, criando lindos enfeites. Um dia, a maldosa bruxa da Perdição lançou-lhe um feitiço, transformando-a em uma velha enrugada e doente. Ela busca refúgio no temido Hauru, um bruxo que vive em um castelo ambulante, cheio de figuras estranhas e facetas mágicas. Para voltar a ser jovem novamente, ela terá que descobrir o segredo do misterioso Hauru e ajudá-lo com seus problemasâ€.

Se esse fosse um filme da Disney, você já estaria cansado de saber o final e, com a simples descrição acima, já teria imaginado os personagens, as cores, os desenhos e inclusive as seqüências musicais kitsch. Ainda bem que “Castelo animado†é um longa de Hayao Miyazaki, o gênio por trás do vencedor do Oscar “A viagem de Chihiro†e do menos conhecido “Princesa Mononokeâ€.

Em sua nova animação, o diretor japonês segue alguns dos traços que vêm caracterizando sua filmografia – uma protagonista feminina que deve amadurecer e vencer seus medos; personagens estranhos e visualmente grotescos; a ampla paleta de cores, ilustrando diferentes aspectos de um universo, que é uma metáfora fantástica do nosso. Miyazaki não tem medo de criar imagens tão bonitas quanto assustadoras. Ao invés das animações norte-americanas, ele não subestima o público infantil - pelo contrário, ele incita na criança o amadurecimento, mostrando que o mundo não é povoado somente por pessoas boas e que é preciso enfrentar seus piores medos para sobreviver. Ou você acha que “Chapeuzinho vermelho†não era extremamente assustador para crianças do século XVII, que moravam ao lado de florestas povoadas por lobos?

A diferença é que, dessa vez, o diretor deixa um pouco de lado as referências fortemente orientais de Chihiro, entregando uma história que é um libelo anti-belicista universal. Em “Castelo animadoâ€, a metáfora que ele usa para a perda da juventude, que é transformada em sabugo de canhão e, literalmente, tem seu coração arrancado em nome de uma batalha que não é sua, é tão poética quanto terrível. Miyazaki é tão incisivo e visualmente contundente em sua mensagem, que em certas cenas, você se pergunta se seu irmão-filho-sobrinho-afilhado suporta o terror daquelas imagens.

Mas eles suportam. E quando saem, estão totalmente hipnotizados pela força de Miyazaki, mesmo que em alguns momentos, a trama se torne um pouco rápida e complexa demais para eles. Ainda assim é bom saber que existem gênios fora de Hollywood capazes de surpreender com a animação tradicional, que vem sendo engolida pela revolução digital. Prova de que nenhuma imagem feita no Photoshop consegue superar uma pintura de Renoir.

“Linda, esbelta, magrinha e de muito bom gostoâ€

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