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Era só o que faltava

23.11.05

por Braulio Lorentz

KLB - Obsessão

(Universal, 2005)

Top 3: “Não vou chorarâ€, “Um Anjo†e “Obsessãoâ€.

Princípio Ativo:
Plástico reciclado

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Sempre quando Kiko, Leandro e Bruno abrem um dicionário e apontam um verbete, com certeza eles estão com o dedo em cima da palavra “Ecletismoâ€. Obsessão, quinto disco dos três maiores desafetos da banda B5, comprova isso. O som do KLB muda de acordo com o passar do tempo. O visual também. O cabelo curto preto espetado de ontem pode muito bem ser o louro jogado longo de hoje. Na parte musical, o começo sertanejo, o jeitinho de boy band e as pitadas de rock no disco de 2004 são partes integrantes do percurso. Pensando bem, acho que “inconstância†pode muito bem ser a tal palavra.

Não é crise de identidade, não é falta de bom senso. A opção aqui é (e sempre foi) música pop feita para tocar em rádio e fazer meninas perderem o fôlego. Música pop com a certeza de que Chiclete com Banana e Robbie Williams são farofas do mesmo saco. A regravação da balada “Não vou chorarâ€, sucesso da Axé Music, e a versão de “Angelâ€, megahit do popstar inglês Williams, são as duas músicas deste disco que mais grudam no cérebro.

Versões como essas duas e outras de CDs anteriores (“Ela Não Está Aquiâ€, “Olhar 43â€, “Eu quero é botar meu bloco na ruaâ€) são produtos que já vêm com o teste de mercado. Resta então embalar e vender os versos melosos de “Um Anjoâ€: “E quando a dor/ Me torna mais covarde/ Eu sinto a coragem/ Pra ser o que sou/ Por que pra sempre/ Um anjo vem me beijarâ€.

“Obsessãoâ€, a faixa-título, também é uma versão. Ela resume em pouco menos de quatro minutos a inconstância do KLB e a vontade de morrer que o trio pode causar em quem não engole qualquer coisa. Tudo faz sentido. A música tem pinta de sucesso da Mariah Carey e participação do rapper Pregador Luo, do grupo Apocalipse 16. O cheiro de plástico reciclado me faz tossir e apertar a tecla “stop†para assim poder respirar.

Tantos clichês deixam em segundo plano o fato dos rapazes terem trocado de gravadora e “Me Ame ou Me Deixeâ€, melhor música do KLB desde o hit “Minha Timidezâ€. A canção é uma parceria entre Ãlvaro Socci, letrista oficial da família Xororó, e Chris Pittman, tecladista do Guns N’ Roses. A música ficaria bem melhor na interpretação da shakirinha Wanessa Camargo. O vocal da neta de Francisco tem a afetação que a música pede de joelhos. Sobre o potencial vocal do trio, uma pergunta em um bate-papo da AOL fala por mim:

Gostaria de saber se vocês fizeram aula de canto para aprimorar a voz?
Bruno: Nunca fizemos.

Duas palavras que somadas às outras duas (inconstância e versões) são a essência do KLB e mostram o porquê da banda ser tão sem sal.

Nada justifica chamá-los de 3 porquinhos, talvez o cabelo do Leandro (centro)

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