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Para beber de uma vez só

02.04.06

por Rodrigo Campanella

A Era do Gelo 2

(Ice Age: The Meltdown – EUA/2006)

Dir.: Carlos Saldanha
Elenco: Ray Romano/Diogo Vilela, John Leguizamo/Tadeu Melo, Denis Leary/Márcio Garcia, Queen Latifah/Cláudia Gimenez

Princípio Ativo:
vivendo e aprendendo

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Se as famílias de Friends e Simpsons ainda debatem se vão para a tela grande, a milionária franquia do gelo decidiu um destino inverso para seu trio de solteirões, agora sem bebê: ir na direção do sagrado graal das sitcom’s de televisão. ‘A Era do Gelo 2’ não esconde ou faz pouco caso dessa opção . Ao contrário, carrega o gênero com qualidades e vícios durante toda a projeção e alcança uma estranha maturidade no quesito ‘agradar a todo mundo’.

Ao mesmo tempo que crianças saem do cinema sabendo qual dvd poderão pedir 12 de outubro para assistir de novo e de novo, os pais saem satisfeitos pelas boas tiradas e ritmo, ainda que talvez sem aquela boa vontade tão ‘Os Incríveis’ em assistir mais uma vez. Fica na boca a sensação de que a simpatia dos personagens já se gastou um pouco, mesmo faturando alto ainda.

Parte da culpa pode ser creditada na conta do roteiro do longa, mais preocupado em simplesmente continuar a história do que em aprofundar personagens e situações do primeiro filme. Temos novamente a mesma estranha família formada por mamute, preguiça e tigre dente-de-sabre, dessa vez rumo a um grande ‘barco’ que pode salvá-los da inundação trazida pelo derretimento do gelo.

Mas ninguém parece estar muito ligado com isso de história, nem a direção. Pode-se até arriscar que dois ‘vilões’ do filme foram enfiados ali, depois do resto pronto, só para otimizar descargas pontuais de adrenalina. O próprio clímax funciona melhor para crianças, fora uma seqüência de rochas e afogamento armada com cuidado para fazer a platéia perder o fôlego.

A própria estrutura do filme se assume como punhado de esquetes, intercaladas pela caça do esquilo Scrat por aquela maldita noz. O esquilo é o que mais sai do filme como piada passada, talvez pela falta de inspiração na maior parte de suas batalhas de coiote coió. Entre os outros, Manny o mamute é o que ganha mais atenção graças a um romance que serve para boa parte das piadas ‘para crescidos’ da história. Diferentes partes da sala riam de diferentes piadas a cada vez e isso de oferecer um pouco do produto para cada gosto pode ser o grande trunfo do sucesso aqui.

Como cinema, entretanto, acrescenta pouco. A animação dos personagens é incrivelmente melhor, ainda que os cenários continuem (intencionalmente?) chapados. Na subida do brasileiro Carlos Saldanha de auxiliar técnico para todo-poderoso do time, a opção foi dar a ele material para exercitar o estilo e lapidar habilidades. Com isso na mão, já dá para cobrar mais ousadia na próxima.

'Da próxima vez só se for com dublê, tão ouvindo?'

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