Laços de FamÃlia
17.11.06
por Rodrigo Ortega
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Vestido de Noiva
(Brasil, 2006)
Elenco: MarÃlia Pera, Simone Spoladore, LetÃcia Sabatela, Marcos Winter, Bete Mendes.
Dir.: Joffre Rodrigues
Princípio Ativo: Boas e más relações
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Pai e filho
“Vestido de Noiva†foi escrito por Nelson Rodrigues nos anos 40 e filmado por seu filho Joffre nos anos 2000. Neste meio tempo, a montagem teatral foi um clássico, Nelson morreu e Joffre trabalhou em produção de cinema. Como ninguém até então havia traduzido o texto dos palcos para a telona, o filho resolveu estrear como diretor. O risco de briga com a turma do “mas a peça não é assim†é alto, vide os recentes Irma Vap e A máquina.
Em uma seqüência, Madame Clessi (MarÃlia Pera), sentada no banco de uma igreja, se diverte horrores com a desgraça dos próprios personagens. Ponto para o filme. Em banco de igreja, teatro ou cinema, a história é boa. Melhor que prolongar a discussão teatro/cinema é notar que uma relação tão bonita entre pai e filho serve para contar uma história de furação de olho total entre familiares. “Se eu tive uma boa relação com meu pai, paciênciaâ€, desculpou-se o diretor em entrevista ao PÃlula.
Marido e mulher
O casal AlaÃde (Simone Spoladore, de “Lavoura Arcaicaâ€) e Pedro (Marcos Winter) vive de aparências até a morte da esposa, no inÃcio da história. A partir daÃ, AlaÃde passa a limpo o seu drama, o que cria dois novos planos, além do real: a memória e a loucura. A idéia dá espaço a muitas viagens, o que leva o filme a uma sinuca: ser totalmente fiel ao texto poderia transformar o ousado em careta e embarcar na viagem pode soar como remix drum’n bass de Chico Buarque. O jogo é salvo em duas tacadas: o visual é perfeccionista, enquanto as atuações têm liberdade, especialmente a de Marilia Pera.
Irmãs
AlaÃde e Lúcia (LetÃcia Sabatela) disputam o amor de Pedro. A bela Simone nem precisa fazer força para parecer perturbada e LetÃcia Sabatella tem um tipo suspeitÃssimo de boa moça. Aà fica fácil: até se lessem as falas em teleprompter na hora da gravação elas interpretariam bem.
Mãe e filha
Uma coisa é zombar dos bons costumes. Outra é colocar uma mãe de famÃlia dos anos 40, Dona LÃgia (Bete Mendes), sentada de costas para um altar de igreja, chorando porque a filha disse que ela transpira demais.
Mãe e filho
Madame Clessi tem um caso com um jovem de 17 anos. “Você se parece tanto com o meu falecido filhoâ€, comenta a personagem, na cama com o menino. É aà que a história pega mais pesado e se distancia de qualquer traço da relação familiar saudável do primeiro parágrafo. Seria fácil pintar a neurose com um tom sombrio, mas MarÃlia Pera, pelo contrário, faz Clessi com um humor direto e acessÃvel. Assim, a história do filho que dá de presente póstumo ao chefe de sua famÃlia um tapa com luva de pelÃcula na cara de toda instituição familiar se torna divertida.

Simone Spoladore, Marcos Winter e o pobre filhinho
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