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The long goodbye

23.11.06

por Daniel Oliveira

A última noite

(A Prairie Home Companion, EUA, 2006)

Dir.: Robert Altman
Elenco: Meryl Streep, Garrison Keillor, Lily Tomlin, Kevin Kline, Woody Harrelson, John C. Reilly, Virginia Madsen, Lindsay Lohan

Princípio Ativo:
Robert Altman

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“É provavelmente o último filme dele, né?â€
“Não, acho que não. É um longa tão cheio de vida. Li em algum lugar que ele já tá preparando um novo.â€


Ao escrever esse texto, não há como ignorar que, quando tive essa conversa após a sessão de “A última noite†na terça-feira 21 de novembro, Robert Altman já havia morrido. Então se você espera imparcialidade, baby, esse não é o seu lugar.

Mas não acho que morte deva ser o tema aqui.

Um pingüim para o outro:
“Parece que você está usando um smoking!â€
“E quem disse que eu não estou?â€


“A última noite†(tradução equivocada) não é um filme sobre a morte. Longe disso. É a história da última transmissão do programa de rádio do título original (A prairie home companion, o “companheiro da casa na campinaâ€), uma atração musical nostálgica – e, sim, um pouco antiquada.

E é um longa em que Altman encontra material perfeito para ilustrar seu traço mais marcante: o espetáculo não é só o espetáculo, mas tudo o que ocorre ao seu redor. Assim como em “Assassinato em Gosford Parkâ€, a atração não era só o jantar burguês; como em “O jogadorâ€, o cinema não é só um filme; ou como em “Nashvilleâ€, um show não é só um show – mas, nos três casos, toda uma aura que envolve o que ocorre por trás deles, quando ninguém vê.

A câmera do diretor passeia com liberdade pelo auditório onde o programa é realizado, em belíssimos planos-seqüência. Mas o que torna essa apresentação tão envolvente – e que deixa um sorriso no espectador ao final do longa – é que a performance dos artistas não é só o que eles mostram no palco. “A última noite†é o retrato de um grupo de pessoas que fez da arte sua própria vida.

Artistas que não só criaram personagens, mas que decidiram vivê-los constantemente – situação mais gritante no indecifrável guarda-costas/detetive vivido por Kevin Kline. É essa paixão pela arte que transborda nos números musicais de Meryl Streep, Woody Harrelson & cia., irretocavelmente confortáveis em seus papéis.

“E se você morrer um dia?â€
“Eu vou morrer.â€
“Não quer que se lembrem de você?â€
“Eu não quero que ninguém tenha que ser lembrado de mim.â€


E é essa paixão que diferencia os demais personagens da jovem Lola (Lindsay Lohan, tentando não passar vergonha na frente de Streep) na seqüência final do longa. Pode-se dizer que é um filme crepuscular – e, em certa medida, até que é a história de algo velho, contada por um velho. Mas os melhores “causos†não são aqueles contados por velhos cheios de experiência – seu avô, bisavô,...Robert Altman?

Meryl: O diabo veste Prada e canta que é uma barbaridade...

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