Mistureba subterrânea
13.12.06
por Mariana Souto
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Por Ãgua Abaixo
(Flushed Away, 2006, Estados Unidos e Reino Unido)
Dir.: David Bowers e Sam Fell
Elenco: (vozes) Andy Serkis, Hugh Jackman, Kate Winslet, Ian McKellen
Princípio Ativo: esgoto
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O trailer prometia mais. “Por Ãgua Abaixo†levava jeito de ser uma das melhores animações do ano, mas não cumpriu. Os vários momentos engraçados não escondem o quanto ela se revela perdida em seu roteiro.
Roddy é um rato que vive com uma famÃlia humana dentro de uma chique gaiola num bairro nobre de Londres e desce pela descarga até uma espécie de ratolândia no esgoto. Nessa cidade subterrânea conhece Rita, que foge dos vilões comandados por um grande sapo. A partir daqui, tenho até dificuldades de escrever a sinopse justamente pelas confusões do roteiro. O objetivo dos personagens não fica claro e muda a cada momento. Primeiro, Rita quer recuperar, dos vilões, o rubi que pertencia à sua famÃlia. Pensamos que a pedra preciosa possui valor emocional para ela, mas depois vemos que a garota procura mesmo é o dinheiro que a peça custa, já que tem uma famÃlia numerosa e de origem pobre. Logo depois, o rubi já passa a não ter importância nenhuma e toda a história gira em torno de outro objeto e de um plano maligno, que surge com a exibição já avançada.
Permeado de referências a outros filmes, especialmente os de super heróis e as animações, “Por Ãgua Abaixo†traz a maioria dos bons momentos capitaneada por coadjuvantes: o primo Le Frog e sua trupe de sapos detetives, o capanga Whitey e alguns membros da imensa famÃlia de Rita. Contudo, quem brilha mesmo são as lesmas que perpassam toda a trama. Gritam histericamente, cantam em coro e fazem pontuações pertinentes para a história. Bom trabalho de dublagem e de direção, colocando-as de forma inteligente para fazer os efeitos sonoros dentro das próprias cenas.
E já que estamos na Inglaterra, a trilha sonora vem com algumas músicas do bom e velho rock britânico, surpresa feliz para uma animação infantil. Espertos, levam em consideração que boa parte do público de animação continua sendo maior de idade. No inÃcio do filme, vemos a rotina de Roddy, que não possui amigos nem famÃlia de sua espécie e se diverte com Barbies e Comandos em Ação ao som de Dancing with myself, de Billy Idol, que cai como uma luva naquela solidão.
Os roteiristas conseguem adicionar pitadas de crÃtica à pompa inglesa, como a cega adoração à famÃlia real. Roddy, de smoking, é sempre confundido com um garçom. A lição de moral fica por conta da eterna dúvida: vale a pena ser rico sozinho ou compartilhar da pobreza com muita gente? Surpresas, só mesmo por conta da trilha sonora.
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"Olha, lá no fundo esse filme tem uma boa chance de se dar bem"
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