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Felicidade não se compra. Se conquista.

01.02.07

por Daniel Oliveira

À procura da felicidade

(The pursuit of happyness, EUA, 2006)

Dir.: Gabrielle Muccino
Elenco: Will Smith, Jaden Christopher Syre Smith, Thandie Newton, Brian Howe, James Karen, Dan Castellaneta

Princípio Ativo:
Will Smith

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Existe uma coisa no mundo chamada sorte, algo que Chris Gardner (Will Smith) não tem durante 90% de “À procura da felicidadeâ€. Então, depois de tanto sofrimento, o olhar de Gardner controlando as lágrimas no centro da tela, ao receber uma boa notícia, quase no final do filme, não tem outra definição que não o clichê: é mágica. O olhar do ator naquela cena é a síntese perfeita do que se convencionou como “cinema hollywoodianoâ€.

A atuação de Smith (também produtor) remete ao sujeito comum, amável e identificável, eternizado por grandes atores como James Stewart e Tom Hanks. Se você não se identificar e não torcer pela luta de Chris Gardner, sinto muito, mas você deveria fazer uns exames e verificar se possui mesmo um coração.

Smith carrega nas costas um longa pronto para o desastre. O roteiro de Steve Conrad, do ótimo “O sol de cada manhãâ€, tem uma locução em off fraca e, em alguns momentos redundante, que não chega aos pés do trabalho anterior. Thandie Newton, no papel da esposa Linda, está exagerada e cartunesca – pouco ajudando a deixar o melodrama mais crível. E a direção de Muccino (do bom italiano “O último beijoâ€) é discreta, limitando-se ao uso de uma bela luz amarelo-dourada, que reforça o caráter de fábula e conto de fadas do filme.

Porque, sim, “À procura da felicidade†é um conto de fadas real. E faz um bem danado saber que histórias assim realmente acontecem. Chris Gardner é um pai de família que enfrenta o descrédito da mulher e as dificuldades em criar o filho de cinco anos, Christopher (o ótimo Jaden Smith, filho de Will), enquanto tenta vender um aparelho que ninguém quer comprar e vencer um programa de estágio não-remunerado de seis meses, como corretor.

E é fundamental a presença de Smith nesse papel: que você não duvide, quando ele proíbe a esposa de levar o filho embora, de que tirar Christopher do pai é tirar a alma daquele homem. Que Smith consiga representar a enorme força e dignidade internas de Chris, sem derramar uma lágrima diante do filho em todo o filme. Porque sabe que não pode fraquejar. É fundamental porque é nisso que “À procura...†funciona; é ali que, sinto muito, suas lágrimas e seu sorriso ao final não serão fáceis de controlar.

Thomas Jefferson cunhou o direito à procura da felicidade na constituição americana. Talvez tenha sido a primeira antecipação do que Hollywood eternizaria em seus heróis antológicos. “À procura da felicidade†é o que o cinema norte-americano faz por excelência. E sempre que for feito com tamanha excelência, nós ficaremos felizes em consumir, emocionar e sair com um sorriso enorme do cinema.

Sr. e Srto. Smith, aka Bob Pai e Bob Filho

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