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Porque Damon Albarn merece apanhar

03.03.07

por Rodrigo Ortega

The Good, the Bad and the Queen

(EMI - 2007)

Top 3: "Kingdom of doom", "Nature Springs", "Behind the Sun".

Princípio Ativo:
Damon

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O vocalista do Blur e do Gorillaz merece tomar uns sopapos por dois motivos:

1. O ego - Não contente em ter feito tudo o que queria nos grupos anteriores, ele decidiu formar uma superbanda com ex-membros do Clash (o baixista Paul Simonon) e do Verve (o guitarrista Simon Tong), além do baterista nigeriano Tony Allen. The Good, the Bad and the Queen é praticamente um disco solo de Damon, já que ele compôs todas as músicas. Mas o vocalista não resistiu a fazer suas gracinhas e formou uma banda sem nome com os acompanhantes de luxo. Um pescotapa é o mínimo que merece uma pessoa que coloca ex-integrantes do Clash e do Verve pra fazer figuração.

2. O nariz - Um golpe preciso poderia entortar seu nariz de contornos perfeitos, levemente empinado. Tudo bem se Damon Albarn fosse um ator de Hollywood. Mas ninguém pode ser um músico intelectualmente respeitável e ter este tipo de nariz.

Antes de satisfazer os instintos Gallagherianos, não custa nada dar o play em The Good, the Bad and the Queen. A primeira coisa que se nota é que, ao contrário dos irmãos de sobrancelhas grossas, Damon Albarn não quer briga. As canções são calmas, climáticas. Violões ocupam o lugar das distorções, que ficaram na casa de Graham Coxon depois do divórcio.

Segundo Damon, este disco é uma seqüência de Parklife (1994), clássico do Blur. Ambos os discos querem desconstruir o mundo moderno, partindo das redondezas de Londres. Mas o sabor é bem diferente: Parklife era picante e ácido, The Good, the Bad and the Queen é doce-amargo. As letras, que têm a guerra como tema recorrente e buscam alguma luz em um presente sombrio, credenciam o álbum novo como uma versão fonográfica de Filhos da Esperança.

O primeiro single, “Herculeanâ€, ainda tem traços fortes dos Gorillaz. As baterias eletrônicas e efeitos vocais não aparecem por acaso: o produtor deste disco é Danger Mouse (Gnarls Barkley), que também estava por trás da banda que misturou Cartoon Network com MTV. A segunda música de trabalho, “Kingdom of doom†tem mais a ver com o resto deste disco. As melodias têm jeito de hinos folk e as letras, de noticiários da BBC: “Drink all day / ‘cause the country’s at war / You’ll be falling out the palace floorâ€.

“80’s life†e “Behind the sun†não ficam devendo nada às melhores baladas do Blur. Damon Albarn resolveu aquele problema que o Pílula Pop apontou na resenha do Gnarls Barkley: colocou um coração no pop robótico de Danger Mouse. “Nature Springs†e “Green fields†são pérolas neo-hippies, com versos como “Everyone is a submarine looking for a dream far awayâ€. The Good, the Bad and the Queen é um disco bem produzido e bem bonito. É por isso que, no fim das contas, Damon Albarn merce um abraço bem carinhoso.

Simonon e Damon buscam a luz

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