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Para gamemaníaco ver

29.03.07

por Rodrigo Campanella

300

(Estados Unidos, 2007)

Dir.: Zack Snyder
Elenco: Gerard Butler, Lena Headey, David Wenham, Dominic West, Rodrigo Santoro

Princípio Ativo:
2-D

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Aperte start

A história dos 300 guerreiros que defenderam Esparta do exército persa tem um lado belo e trágico – ou seja, é um prato cheio para transformar experiência humana em arte. Infelizmente, o diretor Zack Snyder está mais interessado em lançar corpos – sarados ou desovados – para preencher cada um dos quadros (quadrinhos) que ele compõe na tela.

Felizmente, Snyder é um diretor de videogame com habilidade para manter você sentado e interessado assistindo outra pessoa (ele) jogar essa partida de quase duas horas, sem muitas reclamações.

A história desses 300 guerreiros, contada por Snyder, carrega o estandarte do fascismo e nem cora. Infelizmente, pode ser consumida como propaganda pró-Bush II sem obstáculos, mesmo que a graphic novel em que se baseia, de Frank Miller, date de 1998. Felizmente, é um filme ambíguo a ponto de confundir americanos e ‘terroristas’ em papéis que se entrelaçam.

Escolha seu(s) lado(s)

O ‘exército de homens livres e pela liberdade’ do espartano Leônidas (Butler) tem 300 guerreiros para enfrentar um império. O menor número obriga a usar técnicas que fogem do ataque aberto e direto – e a, como ironiza um deles, lutar nas sombras. O rei persa Xerxes (Santoro, jogado fora), certo de ser deus na terra, é a caricatura do general que acredita no homem como bucha de canhão. E os gritos de ‘morrer pela pátria’, ‘vamos para a glória’ são o supra-sumo do fascismo, seja qual for a bandeira.

Impossível acreditar que a ambigüidade seja acaso quando os papéis alternam tão bem suas posições na dança. “300†aparece uma semana depois de “Atiradorâ€, jogo de ação no mesmo estilo. Só que, dessa vez, pode ser que pouca gente entenda o escrito de fundo.

Acabe com eles

Tentando ser um épico de ação (existe isso?), o que “300†quer é gerar e manejar um acúmulo de testosterona em quem assiste (público-alvo: masculino), ainda que não saiba o que fazer com isso. Parece a versão minimizada e embalada em papel presente de uma partida de futebol ou de um catecismo pornográfico, veículos bem eficazes na hora de circular hormônios pura e simplesmente.

O estilo ‘feito no computador’ empregado aqui pode até jogar alguns búzios para o futuro do cinema, mas nem de longe é a profecia completa. Como algo a ser lembrado, “300†tem a mesma extensão de seu horizonte ou da visão folcloricamente gay que assume em cada cena, com suas cores púrpuras, barrigas tanquinho e sungas apertadas: um jogo divertido, mas chapado em duas dimensões. Faltou, pelo menos, o segundo joystick.

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