Comparar é preciso
04.07.07
por Igor Costoli
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Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado
(EUA, 2007)
Dir.: Tim Story
Elenco: Jessica Alba, Michael Chiklis, Ioan Gruffudd, Chris Evans, Julian McMahon, Doug Jones, Laurence Fishburne
Princípio Ativo: O Surfista Prateado
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Em 2005, depois de muita insistência (e para encerrar uma discussão) aceitei a seguinte premissa: talvez minha avaliação do primeiro longa do Quarteto estivesse contaminada pela comparação. E era verdade. Um bom filme sempre nos torna mais exigentes com o próximo, e foi isso que o Batman de Nolan fez, jogou pra cima os critérios para avaliar adaptações de quadrinhos naquele ano. Comparar é humano, mas é algo que nos permite, ao mesmo tempo, cometer justiças e injustiças.
4x4
Quarteto fantástico não era, afinal, aquela tragédia toda. Era diversão pura, e que se assumia como adolescente. Era um produto feito para o cinema acompanhado de pipoca, com algumas qualidades e muitos defeitos que essa decisão trouxe consigo. Entretanto, sua continuação é, sim, deplorável de quase qualquer ponto de vista.
Quarteto x Homem-Aranha
Sam Raimi deu aulas de caracterização de personagens, contando uma enorme quantidade de história em pouco tempo. Tim Story foi mais modesto: contou quase história nenhuma em todo o tempo que teve. Não sou adepto de roteiros didáticos, mas aceitar as coisas simplesmente acontecendo, como o retorno de Victor "Nip Tuck" Von Doom ou o ato final, é meio demais.
Trio Fantástico x Matrix
Mesmo quando não tinham uma história a contar, os Wachowsky sabiam colocar Neo e cia pra suar a camisa. Entretanto, Richards, Storm e Coisa simplesmente não têm o que fazer. O melhor deste filme é realmente o Surfista Prateado, mas a natureza de seus poderes simplesmente excluiu os 3/4 do grupo, já que nenhum deles tinha o que fazer voando. Com seus poderes completamente desperdiçados, coube aos três competir pela cena mais constrangedora do longa. Richards dança numa boate, o Coisa bate papo com um urso, mas acho que a vitória é de Susan, a quem coube - pasmem - fazer a mesma piada que já não havia sido engraçada no primeiro filme.
Tocha x Humor
Apostar no herói descolado e irreverente parecia receita de sucesso garantido. A alma do filme era o Tocha, só que ele teve atuação meio apagada. Entendeu? Tocha, apagado, ahn, ahn? Pois é, esse foi o nÃvel... Evans não conseguiu ser nem ao menos divertido. Insistiram em suas provocações com o Coisa, insistiram em sua canastrice, mas além de lhe darem piadas sofrÃveis, é ridÃculo vê-lo tendo um acesso moralista, discurso que caberia mais ao resto da trupe. Ainda assim, o marketing em cima do longa pode lhe garantir alguns bons milhões, daqueles suficientes para animar produtores a um desnecessário terceiro capÃtulo.

Ela é 100% bonita, ele é 80% efeitos e o filme é 0% bom.
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