Sobre o roqueiro da banda pop
26.09.04
por Braulio Lorentz
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BR´OZ - Segundo Ato
(Sony, 2004)
Top 3: “Nosso Lance“, “Voar com você“ e “Pra sempre o sol“.
Princípio Ativo: Divulgação
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Matheus Rocha é fã confesso de Bon Jovi. Com direito a pôsteres na parede do quarto e uma banda cover que tocava canções como a clássica “Always“ e a bonita “Janie don`t you take your love to town“. O mais gatinho dos integrantes da mais famosa boy band brasileira da atualidade é também o mais roqueiro e brincalhão. Não se surpreenda se por acaso ouvir o rapaz fazer alguma declaração polêmica que ponha em cheque o som pop do Br’oz.
Egressos do programa Popstars, do SBT, a banda é uma versão masculina do Rouge. Quem assistiu ao reality show acaba por criar um apego a, pelo menos, um dos cinco moços. Eis a principal vantagem desse processo de formação da banda. Eu, que desde o primeiro episódio do programa torcia pelo pop-roqueiro descrito caricaturalmente no primeiro parágrafo, passo a me sentir como parte da história do sujeito. Afinal, eu o conhecia antes do estrelato. Eu já sabia que ele é fã de The Calling e tem um filho.
Já estava mais que na hora de um Segundo Ato. O pop do Br’oz (pros leigos: BR de Brasil + OZ de fantástico mundo de OZ) continua com a mesma variação. Ele é ora dançante (como na fofa “Nosso Lance“), ora glicosado (como no bem escolhido primeiro single “Vem pra minha vida“). Rick Bonadio, o produtor, já trabalhou com Charlie Brown JR, Leela e CPM 22.
A faixa de abertura, “Voar com você“, cativa o entuasiasta do pop-macarena de festa de churrasco e botaria todo mundo pra fazer uma coreografia manjada qualquer. A latinidade da enjoada faixa “Matador“ e a brasilidade de “Capoeira“ têm cheiro de plástico. De tão artificiais deixam a impressão de que forçar a barra também faz parte do pop. “Só você e eu“, por outro lado, ecoa Michael Jackson e faz o ouvinte mexer os pés e balançar a cabeça.
O pop do Br’oz, divulgação e empolgação à parte, está longe de ser perfeito. Há um clima de “We are the world“ em todas as pasteurizadas canções e os revezamentos constantes de timbres e estripulias vocais se confundem e provocam um certo constrangimento. Barulhinhos que cativam em músicas como a já citada “Voar com você“, decepcionam na péssima “Sereia“, que ainda traz o refrão ridÃculo: “Vem ser a minha girlfriend, girlfriend/ Eu quero ser seu boyfriend, boyfriend“.
Essas caracterÃsticas de música enlatada, no entanto, não tiram o potencial radiofônico de uma faixa como “Pra sempre o sol“, a melhor do disco. “Fica na cabeça mesmo esta merda“ é a frase que eu digo sempre quando me pego catarolando. Os dedilhados e sussuros iniciais muito lembram... The Calling. Só poderia ser obra do nosso grande Ãdolo Matheus, o roqueiro do Br’oz.
Matheus, o roqueirinho do Br’oz
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