Déjà vu
01.10.07
por Mariana Souto
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O vidente
(Next, EUA, 2007)
Dir.: Lee Tamahori
Elenco: Nicolas Cage, Jessica Biel, Julianne Moore, Thomas Kretschmann
Princípio Ativo: futuro furado
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“Para quê boas justificativas e roteiros redondos quando o interesse é ver ação, Nicolas Cage, Jessica Biel e Julianne Moore? Um roteiro que envolve um certo vai e vem no futuro e algumas reviravoltas que embaralham o tempo já basta para entreter o espectador menos atento se, no meio disso tudo, houver lutas, tiros e uma bela mocinha em perigo.â€
Deve ser assim que pensam produtores hollywoodianos.
Chris (Cage), ou melhor, Frank Cadillac, é capaz de enxergar dois minutos à frente no seu próprio futuro e usa essa habilidade como mágico picareta. A agente Callie (Moore) do FBI o quer para prever o local de um possÃvel ataque terrorista russo com uma bomba atômica. E os russos querem impedir que ele prejudique seus planos. Mas quando se trata de Liz (Biel), a visão de Chris é além do alcance.
O roteiro coloca as regras do jogo assim mesmo, do jeito que lhe convém. E fura todas, se for preciso. O protagonista simplesmente nasceu vidente e pronto. Mais para o fim, percebe-se uma visão em que ele previu não dois minutos, mas horas e horas. Isso simplesmente porque Liz estava envolvida. (Ou porque precisavam de uma super reviravolta – clichê - para tentar surpreender o espectador).
Aliás, a partir do momento em que os roteiristas descobrem a possibilidade de dar sustos e mostrar as visões de Chris como realidade, para depois desmentir, não dão mais sossego para o público. “Ai meu Deus!! Ahhhh bom, ufa!â€
A elaboração da questão do tempo não chega nem aos pés de filmes como “De Volta para o Futuroâ€. Nem mesmo de “Déjà Vuâ€. Furos, há aos montes. De interessante, uma possibilidade, talvez vinda do vÃdeo game, de se explorar saÃdas, soluções, perceber que não vai dar certo e retroceder, tentar outra coisa. Assim, o filme abre algumas alternativas e caminhos, mas sempre da escolha de meios, porque o fim a gente sempre sabe no que vai dar.
De um lado os mocinhos. De outro, os vilões – estrangeiros, claro. Nicolas Cage comanda sua equipe do bem com frieza e segurança. Não precisa nem correr; anda com passos lentos e firmes, entra num carrão com a porta já aberta e foge - praticamente um 007 esotérico. Juliane Moore caiu num papel simples que desperdiça seu talento, mas aproveita sua tendência histérica. E os dois ainda protagonizam uma cena ridÃcula, tentativa de referência a “Laranja Mecânicaâ€, sem nenhum propósito.
Por sinal, propósito é algo que falta em “O Videnteâ€, que parece mais uma variação de filmes de ação temperada com ingredientes da moda (futurologia), atores carismáticos e roteiro pseudo-complexo.
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E Kubrick se revira no túmulo.
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