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Chapado, pero no mucho

26.09.04

por Nian Pissolati

Marcelo D2 – Acústico MTV

(Warner, 2004)

Top 3: M-A-R-C-E-L-O, Marcelo D2, na lata sem dó.

Princípio Ativo:
Chocolate

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Para começo de conversa, o amigo aqui não é crítico e nem pretende ser. Mas a convite do Pílula Pop falo sobre o rapper/sambista/funkeiro/roqueiro/pop que está nas graças do público, M-A-R-C-E-L-O, Marcelo D2. Mas desde já fique o leitor avisado que essa é apenas a opinião de uma pessoa que gosta de música, sem nenhuma pretensão, sobre o novo trabalho solo de D2.

Quero dizer, de solo o trabalho não tem nada. Acompanhado de quase 30 músicos de primeira, D2 continua no bom casamento samba/rap que lhe rendeu uma significativa quantia de grana e fama. Assim, o rapper continua à procura da batida perfeita, porém com uma mudança significativa, a imperfeição.

Não, não estou chapado e falando o que eu quero, vou me explicar. Saem samplers, mixers, e dj´s, e entram violões, cavaquinhos, pianos e backing vocals. Se quisermos ser metidos a críticos, preciosistas, perfeccionistas e chatos, podemos falar que D2 e suas backing vocals desafinam. Que os violões em certos momentos podem dar uma leve vacilada no tempo da música, mas e daí?!

O grande trunfo desse acústico, que talvez o diferencie de outros já feitos pela emissora, é que as imperfeições não o condenam, premiam. Quando Stephan, o filho de D2 entra, com toda a sua timidez e seus picos de grave e agudo na voz adolescente, por exemplo, é que vemos que máquinas e sua exatidão são boas, mas que uma verdadeira roda de samba com todos os seus gritos, vacilos e improvisos são insubstituíveis.

Continuando minha saga de crítico musical, agora eu teria que exemplificar todas minhas idéias com comentários tipo “o cavaquinho da música tal é chorado e muito bom†ou “a desenvoltura da bateria e das backing vocals de tal música dão um tom de fundo de quintal de uma casa da Lapa do Rio de Janeiroâ€. Blá, blá, blá. Não agüento esses exemplos, portanto, pulemos essa parte.

Só pra não falar que não comentei sobre as músicas: como quase todos os discos razoáveis que conhecemos, o Acústico D2 tem bons e maus momentos, mas que cabe a cada um perceber segundo seu ponto de vista. Minha função aqui não é redigir um guia sobre “Como ouvir D2â€. Se o leitor curte samba e rap genuinamente misturados, ou pelo menos tem um mínimo de curiosidade para ver o resultado, o disco é uma boa pedida. E pronto.

Resumindo, como se estivesse num churrascão na casa de Zeca Pagodinho, D2 canta bêbado, fumado, grita e fica rouco. Quem curte essas coisas, vai nessa e se divirta. Quem não curte, só lamento...

D2 nas gravações do Acústico: à procura da batida imperfeita

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