Pequeno glossário amoroso-financeiro de um reino tão tão distante
20.03.08
por Daniel Oliveira
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Um amor de tesouro
(Fool’s gold, EUA, 2008)
Dir.: Andy Tennant
Elenco: Matthew McCounaghey, Kate Hudson, Donald Sutherland, Ray Winstone, Alexis Dziena, Kevin Hart, Ewen Bremner
Princípio Ativo: Hudson & McCounaghey
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Não é difÃcil entender porque Kate Hudson e Matthew McCounaghey foram escolhidos para protagonizar esse filme. “Fool’s gold†envolve uma caça ao tesouro em alto-mar, locações paradisÃacas, um monte de filmagens na Austrália e nas Bahamas, iates milionários e explosões. O
budget
do projeto era muito alto. Para se arriscar numa empreitada dessas, um estúdio exige dois astros
bancáveis
para estampar cartazes, trailers e oferecer um mÃnimo de segurança ao investimento. Hudson & McCounaghey não são lá Roberts & Hanks, mas já haviam rendido respeitáveis verdinhas com suas faÃscas em “Como perder um homem em 10 dias†e é essa
quÃmica
entre os dois, um timing que parece fluir sem muito esforço, que falta a todo o restante do filme. Se, em vez de investir mais da metade do orçamento no salário da dupla e nas forçadas seqüências de ação a cada cinco minutos para o personagem de McCounaghey, a produção tivesse contratado um
script doctor
para eliminar 75% da multidão de coadjuvantes desnecessários (e irritantes) do roteiro, “Fool’s gold†poderia até ter funcionado. Qualquer um com conhecimento razoável em roteirização, e com um mÃnimo de bom senso, perceberia o quão ridÃculo é o desaparecimento de mais da metade do elenco no meio do filme, já que os roteiristas (os mesmos de “Anaconda 2â€) não sabiam o que fazer com eles. E que a graça de “Como perder um homem...†era a batalha de sacanagens mútuas entre Hudson e McCounaghey. Sem ela, o ‘romance’ vira um lenga-lenga previsÃvel e o filme, um festival de
inverossimilhança
e abdomens invejáveis, com a dupla de protagonistas exibindo o máximo de seus corpos bronzeados que a censura
PG-13
permitiu. Vindo de “Doce Lar†e “Hitchâ€, o forte do diretor Andy Tennant não é correria, tiros e aventura, o que torna mesmo as seqüências de ação sem ritmo. Especialmente a final, em que o roteiro se lembrou dos personagens esquecidos e resolveu juntá-los todos numa espécie de “Velocidade máxima 3â€, só que sem a velocidade. Parece mau humor, mas a idéia do longa é interessante e um roteiro mais focado e que aproveitasse a interação de seus protagonistas poderia render uma
matinê
tão boa quanto aquelas protagonizadas por Michael Douglas e Sharon Stone nos seus áureos tempos. Infelizmente, não é o caso. A preguiça reina e até o
clichê
-mor de usar Bob Marley em trilha de filme praiano é usado à exaustão. E, para coroar, no Brasil, o
Gerador Genérico de TÃtulos (GGT)
deu pau e batizou esse ‘tesouro de filme’ com uma ‘pérola de tÃtulo’ (veja o box acima), que eu me recuso a reproduzir novamente. Por amor à arte. E ao meu trabalho.
Mais pÃlulas:
- A chave mestra
- Tudo por dinheiro
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- Navegue por todas as crÃticas do PÃlula>
A pergunta de 1 milhão é: você pagaria 15 reais para ver esses abdomens?
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