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Cavando a cova do emo (e pulando lá dentro)

24.04.08

por Rodrigo Ortega

Fresno - Redenção

(Arsenal/Universal, 2008)

Top 3: "Goodbye", "Redenção", "Milonga".

Princípio Ativo:
Preguiça

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O quarto disco do Fresno, primeiro por uma grande gravadora, foi anunciado como uma revolução na carreira da banda. "Seria um novo estilo, o 'emotrônico'?", perguntou a Folha de S. Paulo; "Fresno se livra do hardcore", arriscou a Rolling Stone. Nada disso. Em geral, eles só abaixaram um pouco o volume das guitarras e aumentaram o da choradeira romântica. Os efeitos eletrônicos, que seriam a única novidade, não marcam um novo estilo nem são mais do que enfeites ocasionais.

Redenção sai pelo selo do produtor Rick Bonadio (CPM 22, Ira!, Mamonas Assassinas), Arsenal, com distribução pela Universal. São 13 faixas, incluindo a regravação de "Alguém que te faz sorrir", do disco Ciano (2006); "Pólo" e "Contas Vencidas", do MTV Ao Vivo: 5 Bandas de Rock (2007). A história da "redenção sincera", do "emo que se assume pop", é boa. Mas sem novas idéias e sem se livrar de vez das antigas, eles perdem espontaneidade e o vigor do som e reforçam a afetação dos vocais e das melodias.

Eles podem até ter abandonado o hardcore, mas na falta de outra companhia, o hardcore não os abandonou. As guitarras de sempre continuam lá em faixas como "Passado", "Contas vencidas" e "Europa". As letras tristes também são as mesmas. "Mais uma história com final / mais um coração partido. / Um novo fim pra um amor normal, / mais um choro sem sentido", canta Lucas Silveira em "Desde quando você se foi".

Há alguns rascunhos de criatividade. A vinheta "Sobre todas as coisas que eu...", apenas com teclado e bateria eletrônica, até aponta um caminho sutil para o tal "emotrônico", mas a banda só tem coragem de abandonar de verdade o tradicional baixo-guitarra-bateria na regravação de "Alguém que te faz sorrir". "Goodbye" tem uma melodia leve que deixa a afetação pra trás, e na letra de "Redenção", Lucas deixa de ser vítima e assume o papel de vilão. "Milonga" encerra o disco com um ritmo dançante, gritos estranhos e a ousadia que falta ao resto das músicas.

Mas no fim das contas, o Fresno se afunda no "emo" e não se livra do "core", ao contrário das melhores bandas da "geração emocore". Enquanto o My Chemical Romance vai às arenas roqueiras e o Panic at the Disco vai à Inglaterra dos anos 60, o Fresno não vai a lugar nenhum e simplesmente espera aflorar a boyband que existe no fundo do coração partido de cada banda emo. E nem isso consegue direito.

Fresnos esperam a boyband aflorar sentados no sofá vermelho

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