Busca

»»

Cadastro



»» enviar

BH, eu te amo (radicalmente)

17.05.08

por Daniel Oliveira

5 frações de uma quase história

(Brasil, 2007)

Dir.: Armando Mendz, Cris Azzi, Cristiano Abud, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Thales Bahia
Elenco: Leonardo Medeiros, Luiz Arthur, Nivaldo Pedrosa, Jece Valadão, Cynthia Falabella

Princípio Ativo:
universos em choque

receite essa matéria para um amigo

O grande perigo de realizar “5 frações de uma quase história†é que elas resultem, ao final, em um ‘quase filme’. Em se tratando do cinema mineiro (?), então, com as decepções recentes das novelas em película “Depois daquele baile†e “Batismo de sangueâ€, o receio não é descabido.

Felizmente, o projeto coletivo dos realizadores da produtora belorizontina Camisa Listrada contorna a armadilha. “5 frações†parte daquele princípio de que a vida, principalmente em uma cidade grande, é uma colisão de vários universos. Indivíduos de uma complexidade insuspeita no seu isolamento que, ao tentarem sair dele, chocam-se, com resultados diferentes e inesperados. Um fotógrafo obcecado por pés. Um junkie solitário numa jornada surrealista. Um funcionário público que recebe a grande chance de cometer um crime. Um magarefe confrontado com a traição da esposa. Uma moça romântica abandonada pelo namorado.

São os protagonistas de cada curta, que se esbarram em algum momento de suas histórias. As cinco narrativas são bastante independentes entre si. Até mesmo esses encontros entre os protagonistas são meros recursos para costurar o longa, sem que um personagem ou evento interfira significativamente na trama do outro.

E como toda coletânea de curtas, “5 frações†tem seus altos e baixos. Os nelsonrodrigueanos “A liberdade de Akim†e “O magarefe†são os de roteiro mais bem resolvido. A boa direção de atores também ajuda os dois - a preparação foi feita por Gero Camilo (Bicho de sete cabeças), que atua n’O magarefeâ€, enquanto “Akim†conta com o ícone Jece Valadão.

O quase-experimental “Quase um vôoâ€, apesar de bem dirigido e da ótima atuação do mineiro Luiz Arthur, deixa o espectador em suspenso com um final em nó-cego. Por mais que pareça ousado, soa desnecessário e encerra em uma nota baixa um curta até ali bastante interessante. O mais problemático de todos, contudo, é “Título provisórioâ€, sobre o fotógrafo podólatra. Não só o título, mas o roteiro, a direção e a (péssima) atuação parecem improvisadas e nem o ótimo Leonardo Medeiros consegue salvar o curta.

São falhas que não desmerecem “5 frações de uma quase históriaâ€, retrato de pedaços da vida desses personagens que se trancaram no casulo de suas obsessões para se proteger do caos metropolitano, a ponto de não conseguirem mais se comunicar (os cinco são meio mudos ou repetem as mesmas frases). A linha temática interessante e uma edição muito bem executada (os cortes de um curta para o outro são ótimos) resultam em um longa urbano atual, digno de algo que se pode (para quem quiser) chamar ‘cinema mineiro’.

Mais pílulas:
- Tiradentes 2008
- As filhas do vento
- ou Navegue por todas as críticas do Pílula

Jece, o cafajeste: Hail to the (t)chief.

» leia/escreva comentários (2)