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Reféns de uma vida

19.05.08

por Daniel Oliveira

Encurralados

(Butterfly on a Wheel, Canadá/Reino Unido, 2007)

Dir.: Mike Barker
Elenco: Pierce Brosnan, Gerard Butler, Maria Bello, Claudette Mink, Emma Karwandy

Princípio Ativo:
baranguice

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Edukator do mal
Neil (Butler) e Abby (Bello) Randall são um casal feliz. Ele é um publicitário de sucesso; ela, uma ex-fotógrafa que cuida da filha, Sophie, gasta o cartão de crédito do marido e planeja jantares românticos.

Felicidade botada em risco quando os dois são seqüestrados pelo misterioso Tom Ryan (Brosnan). Ele avisa ter Sophie como refém e não aparenta remorso nenhum em matá-la, caso não fizerem tudo o que Tom mandar. De início, o seqüestrador parece uma espécie de Edukator do mal, que saca todo o dinheiro da conta do casal, bota fogo e joga da ponte. Questiona a solidez da vidinha burguesa da família e inicia uma espécie de gincana alucinada, em que Neil e Abby devem provar até onde estão dispostos a ir para manter sua aparente felicidade.

Marcas da violência do bem
O problema de “Encurralados†é que a perfeição da família Randall é tão plastificada e irritantemente capitalista, que em momento nenhum você realmente sofre por eles. O diretor Mike Barker (A falsária) faz um comercial de margarina de dez minutos no início do filme e, com cinco, você já acha Neil um babaca narcisista e tem certeza de que ele esconde vários esqueletos no armário. Abby ser apresentada como uma dondoca não ajuda.

Ao contrário do filme de Cronenberg, o comercial não convence, o que torna o personagem de Brosnan muito mais atraente. Contribui, claro, aquele prazer catártico e sadista – que, graças a Hitchcock, a maioria das pessoas extravasa no cinema - de ver alguém ser sacaneado de mil e uma maneiras por um sujeito frio e inteligente.

O longa, porém, não oferece muita coisa além desse prazer. O roteiro de William Morrissey é cheio de diálogos batidos e explicativos demais (“ela não se sente viva assim há anosâ€), além dos costumeiros furos desse tipo de thriller à la Supercine. Butler passa quase todo o filme ligado no 220 e confunde super-atuação com desespero – algo estranhamente parecido com o que ele fez em “300â€. Bello não está muito melhor e só Brosnan, mais contido e menos careteiro, se destaca.

A edição epiléptica de Barker não colabora. Ao tentar fazer o espectador sentir a carga de adrenalina e exaustão do casal, acaba tornando a situação ainda mais artificial e cansativa. “Encurralados†se salvaria se o roteiro amarrasse, ao final, a crítica que ensaia no começo à hipocrisia do lar burguês capitalista, mas sua resolução é mais patética (no sentido literal do termo) que analítica. Algo passável num telefilme de sábado à noite mas que, ampliado pela tela do cinema, não consegue esconder o quanto sua trama é baranga e batida.

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Sim, ele quer o papel de 007 de volta...ou ele vai matar minha família, entendeu?

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